Publicado em 28/11/2016
Na última segunda-feira, o jornal Valor Econômico decretou a morte do Matopiba. A matéria usou informações de um estudo feito pela Agroicone segundo o qual a agricultura na região é arriscada e a área disponível para a expansão da produção é pequena. “A expansão agrícola em Matopiba é certamente uma roubada”, disse o pesquisador Arnaldo Carneiro Filho à jornalista do Valor, Betina Barros. Mas o que estaria por trás do atestado de óbito do Matopiba?
É preciso começar explicando que Arnaldo Carneiro Filho, responsável pelo estudo do Agroiconoe, é um ambientalista que trabalhou por anos em ONGs como a TNC e o Instituo Socioambiental (Isa). Trabalhou em um dos maiores centros de formação e doutrinamento de ambientalistas radicais do Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Arnaldo é um cara bom e tecnicamente competentíssimo, mas carrega o velho e conhecido mind set anti-agro do ambientalismo radical, coisa difícil de mudar.
A matéria do Valor que decretou a morte do Matopiba, talvez a última fronteira agrícola do Brasil, foi toda baseada em uma pesquisa conduzida por Arnaldo. O ambientalismo radical tem uma espécie de tara por matar fronteira agrícola. De acordo com a matéria do Valor, baseada no estudo de Arnaldo, o Matopiba estaria no limite de sua capacidade de expansão com menos de três milhões de hectares disponíveis.
“A compra de terras baratas em Matopiba foi um raciocínio equivocado do ruralismo de fronteira, baseado no ganho patrimonial. Mas não tem tanta terra com aptidão para soja. E a crise climática será pior ali que em Goiás, por exemplo”, disse Arnaldo Carneiro Filho. O estudo recomenda que os produtores evitem o Matopiba e invistam em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e até em São Paulo.
É engraçado como os ambientalistas radicais, não sabendo como dirigir o desenvolvimento em bases sustentáveis, simplesmente o matam. Já que uma região ambientalmente rica e economicamente pobre não tem como ficar economicamente rica sem ficar ambientalmente pobre, é melhor que fique economicamente pobre, é melhor que não se desenvolva, é melhor que os investimentos sejam feitos em outras regiões já antropizadas. Foi exatamente isso que os ecocanalhas fizeram na Amazônia.
A área disponível para agricultura no Matopiba levantada por Arnaldo e relatada pelo Valor é pequena porque o estudo só considerou as áreas de pasto com alta aptidão agrícola. O estudo ignorou propositalmente o potencial de expansão da produção em outras áreas onde o risco climático ainda é relativamente baixo e ainda é legalmente possível. A área disponível para expansão agrícola no Matopiba, de fato, não é tão grande como muita gente imagina. Aliás, nunca foi. Mas ainda há muito mais área para a expansão da agricultura por lá do que os ambientalistas radicais gostariam que houvesse.
O estudo do Agroicone ainda não foi publicado e o fato das conclusões terem “vazado” para imprensa é bem sugestivo. As declarações que Arnaldo Carneiro deu ao Valor não refletem a realidade. Refletem apenas aquilo que o ambientalismo radical gostaria que fosse realidade. Puro lixo ideológico. Lixo eco-ideológico. Tem muito disso por aí. O velho Código Florestal era um lixo eco-ideológico. Não entrou para o rodapé da história?
O Matopiba não morreu. O Matopiba continua lá, onde sempre esteve. Pulsando, com sempre esteve. Desafiando, como sempre fez. Barato com sempre foi. Quem quiser investir lá hoje provavelmente encontrá terras mais baratas ainda depois da matéria do Valor. A hora talvez seja justamente agora. Mas fiquem atentos: o Matopiba não é lugar para amadores. Fronteira não é lugar para amadores. Se você é um agricultor meia boca ou frouxo, fique onde está ou vá para Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais ou São Paulo. Fronteira tem risco. Fronteira é longe. Fronteira é desconhecida. Fronteira é para quem tem sangue no olho. Fronteira é lugar para homem, não é lugar para menino.
Agroicone desmente reportagem do Valor Econômico sobre o fim do Matopiba
A consultoria Agroicone divulgou nota oficial sobre a reportagem do jornal Valor Econômico que decretou a morte prematura do Matopiba. O texto se baseou numa entrevista feita pela jornalista Betina Barros com o ambientalista Arnaldo Carneiro, que trabalha no Agroicone. Este escriba avisou que os números do estudo não corroboravam os arroubos eco-retóricos de Arnaldo Carneiro. Existe um ditado lá no Maranhão (que faz parte do Matopiba) que diz o seguinte: “Quem fala demais dá bom dia a cavalo”.
Clique aqui para conferir a nota de esclarecimento da Agroicone publicada no site Notícias Agrícolas.
Em tempo: este blogueiro concorda em gênero, número e grau com a nota de esclarecimento do Agroicone, mas não retira um único aspecto da opinião que emitiu sobre o arroubo eco-retórico do sr. Arnaldo Carneiro Filho. Aliás, lendo o relatório que foi publicado hoje junto à nota, a antipatia e o desconforto dos autores em relação à forma como a expansão agrícola tem ocorrido no Matopiba exala dos infográficos, muito bonitos por sinal.
Este escriba acha que estamos em um novo momento de construção da paz e de pontes entre o agro e o eco. Este novo momento vem na esteira de uma gerra imbecil inventada por ecotalibãs. Vez por outra surgirá um ecoltalibã enrustido ou um jornalista tentando recriá-la. O fratricídio entre o mundo rural e meio ambiente sempre foi lucrativo às ONGs e aos jornais. Este escriba se esforça muito para estar aqui a expor essa atitude.
Fontes: Blog Código Florestal/Agroicone
http://sna.agr.br/o-matopiba-nao-morreu-entenda-o-que-ha-por-tras-do-estudo-que-decretou-o-fim-do-matopiba/
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