Diogo Cabral- assessor jurídico da FETAEMA
Palco de
intensos conflitos agrários e líder em violência no campo pelo terceiro ano
seguido, registrou-se mais um assassinato em razão de conflito pela posse da
terra. A vítima foi a Sra. Maria José Amorim Silva Lima, 49 anos, presidente da
Associação dos Trabalhadores Rurais do Povoado Belo Monte 3, zona rural de
Amarante, sudoeste do Maranhão, morta em 10 de julho por pistoleiros com quatro
disparados enquanto a líder rural se encontrava na porta da sua casa, em plena
luz do dia.
Esta é a
quinta morte registrada em 2014, em decorrência de conflitos agrários no Maranhão.
A delegacia de polícia de Amarante, comandada pelo delegado Gabriel Carvalho e
Neves, está empenhada na elucidação do crime, apesar das enormes dificuldades
na identificação dos autores dos disparos.
Uma região em
permanente conflito
Amarante do
Maranhão se situa na área de influência do Bico do Papagaio, fronteira natural
entre os Estados do Maranhão, Tocantins e Pará. A região, historicamente, tem
sido palco de intensas disputas entre trabalhadores rurais, indígenas,
quebradeiras de coco e latifundiários. No caso de Belo Monte 3, a disputa,
iniciada em 2005, recai sobre mais de
700 hectares de terra que deveriam ser adquiridas pelo Programa Nacional de
Crédito Fundiário em favor das famílias, contudo em razão das enormes falhas do
programa, nunca foi concretizada a compra da terra. Em razão da valorização das
terras na região, com o recrudescimento do Projeto Grande Carajás, concretizada
pela duplicação da Estrada de Ferro Carajás e a instalação da fábrica de
celulose da Suzano em Imperatriz, as terras de Belo Monte 3 dobraram de preço,
motivando a ação de especuladores de terra da região, que, por sua vez,
fomentaram o acirramento do conflito, que culminou com a morte de Maria José
Amorim Silva Lima.
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