Viajar
pela zona rural de Urbano Santos é sufocante ver “a peste e a desgraça das
plantações de eucaliptos” da Suzano Papel e Celulose. Certo dia senti essa
indignação quando me deparei com isso no Povoado Santana. Um desrespeito e
desacato aos direitos humanos e da vida, os imensos mares de eucalipto conhecidos
como “Monstros Verdes” vão de norte a sul das comunidades, prejudicando o meio
ambiente, matando os animais e secando nascentes de rios e riachos, os
eucaliptos são os verdadeiros responsáveis pelo grande impacto ambiental não
apenas em Urbano Santos mas em toda região do Baixo Parnaiba. Essa política
desastrosa implantada na década de 80 em nosso município nos faz refletir sobre
a imagem do descompromisso dos governantes da época que venderam as terras
devolutas do estado para a antiga Empresa Florestal LTDA, fazendo com que hoje
esses grupos empresariais herdassem a maioria das áreas de terras conflitando
sempre com as comunidades tradicionais, sendo estas portanto as verdadeiras
donas do “Território Livre do Baixo Parnaíba
Maranhense”. Citando comunidades como Joaninha, Mato Grande, Jacú, Santo
Amaro, Centro Seco, Boião, Ingá, Bom Fim e muitas outras, pode-se ver a
realidade das famílias de trabalhadores rurais enfrentando de cara essas
desgraças referentes as plantações de eucaliptos. Reproduzindo as palavras de
um antigo morador de Centro Seco, o mesmo me afirmou em uma conversa dizendo: “Não
existe mais caça para nos sobreviver, o peba, o tatu, o veado e a cotia não
andam por dentro do eucalipto e isso aqui está tudo tomado por essa peste, os
nossos riachos e brejos secaram não tem mais peixes, a gente não come isso,
isso não serve pra nada, a não ser para o bolso da Suzano”, afirmou. Sentindo-se
na pele desse velho lavrador, podemos nos conscientizarmos o quanto o eucalipto
é prejudicial para o meio ambiente e para a saúde das pessoas que vivem
próximas dos campos. É importante acentuar o atraso que isso causa para a nossa
Reforma Agrária, comunidades em conflitos como é o caso do Bracinho e São
Raimundo vem enfrentando essa problemática. É do saber de todos que em nossos
tempos atuais o capitalismo neoliberal não está suprindo as necessidades da
humanidade, pois os grupos empresariais e o latifúndio em nosso país dominam
ainda a maior parte de concentrações das terras, sobrando muito pouco para os
camponeses usufruírem desses bens. Os quilombolas aguardam titulações, os indígenas
esperam as demarcações e as comunidades tradicionais as vistorias e
arrecadações. Um quadro explícito do atraso onde muito pouco vem sendo feito na
questão fundiária, os recursos saem mas não chegam nos assentamentos e nem nas
associações, apesar de todos esses entraves a AGRICULTURA FAMILIAR ainda assegura mais de 65% do alimento que vai para
a mesa dos brasileiros, de fato não comemos eucalipto, nem soja. Fico revoltado
com a situação de nossos movimentos sociais que enfraqueceram não sei o porquê
no Baixo Parnaiba, se enxerga que a soja tem avançado e o eucalipto também. O
Município de Urbano Santos é pólo da Suzano e empresas terceirizadas que
prestam serviços pra ela. Vai um aviso às organizações sociais em defesa dos
direitos humanos: precisamos reerguer as lutas, as marchas, os seminários, as
reuniões... os debates para a garantia dos nossos direitos, se é que eles vem.
Nossas comunidades, a igreja e os órgãos de mobilização devem voltar os anos de
ouro de um período em que crescemos e estávamos com força. Avante sempre contra
o eucalipto e em defesa de nossas vidas!
(JOSÉ ANTONIO
BASTO- militante)
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