sábado, 21 de julho de 2012

ARTIGO – Olhar Ambiental sobre SALVATERRA – KM 17: É preocupante!


Evannildo de Lima Rodrigues
Mestrando Especial em Direito (Ambiental).
Evannildo Rodrigues
Apesar da garantia dos direitos previsto na vasta legislação vigente neste país, é notório o sofrimento da população que vive na comunidade Salvaterra (Km 17, BR 316), no município de Codó – Maranhão. Este município apresenta população total estimada em 118.537 habitantes (IBGE-2010). É o sexto município mais populoso do estado, inserido geográficamente no Leste maranhense. Servida por uma estrada de ferra de São Luis/MA, Tereina-PI, que segue até  Fortaleza-CE. Era a antiga Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima – REFFESA – atualmente privatizada pela Companhia Ferroviária do Nordeste – CFN), que serve de escoamento para a produção agroindustrial, em pleno funcionamento.
Sendo um dos municpios com maior parque industrial no ramo de cimento, gesso, cerâmica, produtos de limpeza, etc da Região. Sua primeira indústria foi construída ainda no século XIX, no ano de 1892, a Companhia Manufatureira e Agrícola, para a produção de tecidos, e Codó-MA, naquela época,  era grande produtora de algodão.
Hoje,  a grande preocupção é uma nova empresa que se instalou no municipio, produtora de papel, que tem substituído uma grande área de nossas matas e babaçuais, para a plantação de eucalipito, matéria prima para a produção de papel suzano e celulose, que tem impactado o solo e ocasionado a migração da fauna da região, porque não conseguem sobreviver nesse tipo de vegetação.  E a compensação ambiental, cadê?
Salvaterra é uma comunidade localizada na estrada MA-026, entroncamento com a BR 316, distante 17 quilômetros da sede do município, o que fez essa comunidade ser alcunhada de Km 17, atualmente com proposta de emancipação municipal. Exposta a variados problemas ecológicos, desde o ar, a água, o solo, bem como problemas no uso, posse e propriedade territorial. Apresenta dificuldade de acesso à justiça, para garantir o mínimo existencial constitucional, o que deixa essa comunidade nitidamente distante das sinecuras do Estado democrático de Direito, e proteção ambiental dos recursos naturais.
Infelizmente o município de Codó – Maranhão tem apresentado baixo nível de qualidade social, educacional, econômico, e jurídico, devido à deficiência de atuação dos órgãos administrativos e judiciários quanto à fiscalização para o combate precaucional do dano ambiental em nossa região, dentre outros. É um problema crônico que tem tomado novo rumo, para melhor, nos últimos quatro anos, mas ainda, tem apresentado acentuado quadro de degradação ambiental, péssimas condições de vida, baixa qualidade na educação, e alarmante percentual de analfabetismo da população, no meio urbano, bem como, no meio rural. Com esse perfil, o município apresenta como resultante baixo índice de desenvolvimento humano, vivendo às margens das benesses das políticas públicas ambientais e do Estado Democrático de Direito.
Essas características remete à comunidade Salvaterra (Km 17, BR 316), a qual tem como agravante os impactos da devastação da região, por ser o subsolo rico em calcário, para a produção de cimento e gesso, sem nenhum tipo de compensação ecológico por parte das empresas locais, nem para natureza, muito menos para a comunidade, em especial a Salvaterra (Km 17).
As jazidas de calcário estão inseridas na região Leste do estado do maranhão, exploradas indiscriminadamente pelas empresas, desde a década de 1970, do século XX, onde à maioria das famílias sobrevivem, com rendas oriundas desses empregos, muitos deles na informalidade.
Ademais, acredita-se que somente a tutela jurídica não é o suficiente para enfrentar os problemas ecológicos gerados no território codoense. Necessita-se, portanto unir com a força da lei, um processo dialógico ambiental in loco ininterrupto e cíclico, para viabilizar a participação popular ecocidadã, em conjunto com o Poder Público, na proteção do meio ambiente e sua sustentabilidade na região.

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