segunda-feira, 30 de abril de 2012

O rentável manejo do bacuri nativo

Bacuri é fruta tropical, nativa da Amazônia, nutritiva e deliciosa, de aroma e sabor inesquecíveis. Boa fonte de cálcio, potássio e fósforo, quando madura pode ser consumida ao natural e seus subprodutos – sorvete, suco, doces, compotas, creme, chocolate com recheio da fruta – são muito apreciados. A polpa é altamente valorizada: em 2005 valia R$ 10/kg, atualmente vale quase o triplo.

“A oferta de bacuri vem basicamente do extrativismo praticado por agricultores familiares que possuem bacurizeiros remanescentes de áreas que escaparam da ocupação urbana ou não foram derrubados com finalidade madeireira”, situa o pesquisador Alfredo Homma, da Embrapa Amazônia Oriental.

Como aconteceu com o açaí e o cupuaçu, o bacuri ganha cada vez mais visibilidade e aceitação no mercado da fruticultura nacional e internacional. “No entanto, a demanda é maior do que a oferta. Estudos revelam que há mercado imediato no Brasil para no mínimo 40 mil toneladas de bacuri/ano, ou cerca de 4 mil toneladas de polpa/ano”, analisa Homma.

Esta realidade promissora tem levado produtores, pesquisadores e técnicos a buscarem soluções que possam garantir renda aos agricultores, atender as demandas de mercado, suprir as necessidades tecnológicas dos produtores e promover a recuperação de áreas alteradas onde ocorrem os bacurizais nativos.

O MANEJO


Como os pés de bacuri rebrotam muito facilmente pela raiz, formam vastas áreas de ocorrência natural que podem ser manejadas por um sistema de fácil aplicação e baixo custo. É o que propõe o projeto de pesquisa concebido pela Embrapa a partir de um sistema criado e aplicado por agricultores paraenses há mais de cinco décadas.

Com o patrocínio do Banco da Amazônia e parceria com a Emater-PA, pesquisadores e técnicos da Embrapa sistematizaram as informações sobre as práticas de manejo desenvolvidas pelos próprios agricultores, num trabalho que retornou a eles - os agricultores - com recomendações técnicas adaptadas e comprovadas pela pesquisa.

O manejo de bacurizeiros nativos recomendado pela Embrapa Amazônia Oriental consiste em definir espaçamentos e fazer o desbaste para reduzir a competição com o mato e entre os próprios pés de bacuri, pois estes se proliferam com a maior facilidade.

“Recomenda-se ajustar a densidade - 100 a 120 bacurizeiros por hectare - em espaçamentos de 10 m x 10 m. Dessa forma, começam a produzir os primeiros frutos entre cinco e sete anos após o início do manejo”, explica o engenheiro agrônomo Antonio de Menezes.

Menezes ressalta que transformar floresta secundária (capoeira) improdutiva em bacurizal rentável, significa também a redução de queimadas, pois é preciso proteger os bacurizeiros, que são plantas bastante sensíveis, da entrada do fogo na área manejada.

IMPACTOS


Especialista em socioeconomia, o pesquisador Alfredo Homma cita que há estudos indicando o seguinte: uma propriedade que manejar 1 hectare de bacurizeiros poderá dispor de 100 árvores que depois de adultas produzirão no mínimo 200 frutos/árvore/ano (20 mil frutos/hectare), gerando renda de R$ 8 mil com a venda de frutos ou R$ 20 mil pela polpa.

No Pará, de acordo com a pesquisa da Embrapa, seria possível estimular o manejo de bacurizeiros em 20 mil hectares no Nordeste Paraense e Ilha do Marajó, sem necessidade de fazer mudas. Essa área potencial poderia ser ampliada para 50 mil hectares se considerados Pará, Maranhão e Piauí juntos.

Nos 20 mil hectares potenciais, estima-se ser possível aumentar a produção atual em 400 milhões de frutos, o que corresponde a aproximadamente 120 mil toneladas de frutos e 12 a 15 mil toneladas de polpa. Resultado: “uma receita de R$ 200 milhões anuais para os próximos 10 a 15 anos, sem contar a possibilidade de agregação de valor pela industrialização”, visualiza Homma.

SAIBA MAIS

O manejo de bacurizal nativo pela rebrota da raiz - tecnologia recomendada pela pesquisa com base no que agricultores familiares paraenses praticam há mais de 50 anos - é tema de programas de rádio e TV da Embrapa. Confira nos endereços eletrônicos e acesse gratuitamente no site da Embrapa Informação Tecnológica (Brasília/DF).

Dia de Campo na TV (DCTV): o endereço para assistir a reportagem é http://hotsites.sct. embrapa.br/diacampo /programacao/2010/manejo-do-bacurizal-nativo.

Prosa Rural: com 15 minutos de duração, o programa de rádio Prosa Rural pode ser ouvido no endereço http://hotsites.sct. embrapa.br /prosarural/ programacao/2010/manejo-de-bacurizal-para-aumento-de-renda.
(Ascom Embrapa)

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