No
dia 6 de fevereiro deste ano, as cenas de tratores destruindo
plantações dos moradores do povoado Pintadas evidenciaram o grau de
desumanidade e arrogância a que chegou o atual gestor de Buriti.
Foi
ordenado que tratores devastassem toda uma área de uso de moradores com
mais de 40 anos na região, e de cuja terra dependem para manterem o
sustento.
De
acordo com o boletim de ocorrência (B.O.) registrado pelo presidente da
Associação de Moradores das Pintadas (AMP), Jesus Lopes Silva, a
devastação foi acompanhada de perto por Washington Nunes Rodrigues,
proprietário de papel das terras, pelo prefeito de Buriti, por dois
policiais militares e pelo comandante da PM de Buriti, o sargento
Florismar Batista Costa. É importante destacar que nenhum desses nomes
citados apresentou ao presidente da AMP qualquer ordem judicial que
autorizasse a devastação da produção agrícola dos moradores.
A
disputa envolvendo a propriedade de 843 hectares se arrasta desde julho
de 2008, quando Washington Nunes Rodrigues, conhecido na localidade
como Cezinha, teria comprado às terras que há mais de 40 anos são cultivadas por dezenas de famílias, que dali extraem o alimento diário.
Há
muito tempo os moradores pretendiam comprar as terras, chegando,
inclusive, a negociar com os herdeiros do antigo proprietário, o senhor
Francisco José da Costa (falecido). As tentativas fracassaram porque os
herdeiros, de acordo com o presidente da AMP, receberam uma proposta bem
maior e irrecusável de um comprador cujo nome até, então, não seria
revelado. É aqui que começa o lado sombrio da história, pois Jesus Silva
suspeita que a compra teria sido feita a mando do prefeito de Buriti.
Ainda
de acordo com Jesus Silva, as tentativas de intimidação dos moradores
foram muitas, e em várias ocasiões chegaram a ameaçar, com armas,
pessoalmente, as famílias que na terra produziam.
Sem
opções negociáveis de disputa, a Associação resolveu recorrer, em 2009,
às autoridades competentes: IBAMA, Ministério Público (MP) e Secretaria
Estadual de Meio Ambiente (SEMA). E só obtiveram resposta em outubro e
dezembro de 2011, quando duas vistorias foram feitas à área. Na ocasião,
o proprietário Cezinha foi multado em R$ 20 mil reais e todo terreno
foi interditado para evitar mais estragos ambientais, até que uma equipe
técnica da SEMA identificasse às áreas de reservas.
Acontece
que, sem nenhum respeito às famílias, às leis e aos órgãos de
fiscalização, o verdadeiro comprador das terras, que é conhecido até
mesmo pelo mundo mineral, ordenou a ação de devastação impiedosa, onde
plantações de mandioca, caju, limão, manga, banana, macaxeira, etc.,
foram arruinadas, num prejuízo aos moradores que pode chegar a um milhão
de reais. Além das plantações agrícolas, criações de bois, porcos e
bodes foram perdidas na região.
Antes
dessa ação cruel, já haviam, também, destruído as chamadas “áreas de
proteção permanente” (APP), causando prejuízos incomensuráveis à fauna e
à flora da região. As
APP´s são espaços, tanto de domínio público quanto de domínio privado,
que limitam constitucionalmente o direito de propriedade, levando-se em
conta, sempre, a função ambiental da propriedade.
Está
cada vez mais claro que, nos últimos anos de seu mandato, a propensão a
movimentos furtivos e ditatoriais está imbuída na aura do prefeito
Neném Mourão. Bastam ver as suas ações recentes, como o caso da escola
do povoado Vagem (clique aqui para ler mais) e da expulsão do redator-chefe deste Correio do estádio municipal (clique aqui).
O prefeito Neném parece sempre pronto a patrocinar espetáculos de
truculência, a exemplo do que fez seu colega de Coelho Neto, o prefeito
Soliney, ao invadir um sindicato. (clique aqui para ler mais)
É
significativo que o atual gestor de Buriti, experimentado representante
das camadas carentes, eleito com o discurso de que ajudaria os
buritienses quando conquistasse a prefeitura, fique insensível diante do
sofrimento daqueles que um dia lhe confiaram o voto. Todo o povo das
Pintadas acreditou em seu discurso e agora as famílias veem-se chocadas
diante das práticas do atual gestor.
A
omissão da Câmara de Vereadores diante desse massacre às famílias das
Pintadas é lastimável e não surpreende mais aqueles que conhecem o modus operandi dessa Casa legislativa, que, na verdade, se tornou uma verdadeira Casa do Espanto,
de onde tudo pode se esperar, já que tem desde vereadores falastrões na
tribuna, mas que na ação, absolutamente, nada fazem, até aqueles que
nem sequer se pronunciam. Eles se limitam apenas ao papel de súditos e
submissos aos desejos mais tacanhos do poder executivo. Os sete
vereadores da base aliada do prefeito, que foram tão ágeis em aprovar a
aplicação irregular dos recursos do município, apontada pelo Tribunal de
Contas do Estado (TCE/MA)(clique aqui para ler mais),
nem ao menos tiveram a coragem de mencionar essa barbárie na tribuna da
Casa. Espera-se, agora, que pelo menos os vereadores oposicionistas
levantem essa questão para o debate na Câmara.
Esse
caso da devastação de plantações no povoado Pintadas não pode ser
silenciado, até mesmo porque expressam as imperfeições da ordem e da lei
e também o desprezo dos governantes pelo Buriti da Margem.
IMAGENS DA AÇÃO DE DESTRUIÇÃO:
IMAGENS DOS ORDENADORES E SEUS CAPANGAS, ESCONDIDOS EM SEUS VEÍCULOS:
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