sexta-feira, 27 de abril de 2012

AUDIÊNCIA PUBLICA SOBRE INVESTIMENTO DA SUZANO EM CHAPADINHA


PARÓQUIA DE CHAPADINHA

AUDIÊNCIA PÚBLICA DA SUZANO

Como estava previsto, realizou-se a Audiência Pública sobre a construção da unidade industrial da Suzano na Região. Uma grande multidão presente. O ginásio do Pequemo Príncipe completamente cheio. Gente vinda até de outros Municípios. Muitas autoridades. Ambiente de grandeza com tudo bem definido. Primeiro falaram os diretores da Empresa e os coordenadores dos trabalhos preparatórios de análise e projeção da unidade industrial. Exposição fantásticamente técnica e científica e, segundo foi dito, tudo segundo a lei. Só teve um defeito que foi positivo para quem estava atento: de vez em quando escapavam aos expositores as palavras: riscos, empacto ambiental, consequências negativas, medidas mitigadoras, compensação ambiental, influências diretas e indiretas... Até se poderia pensar que se estava preparando a vinda de alguma árvore sagrada para enfeitar os presépios de natal. Mas não. Era o plantio do eucalipto que estava em causa. Os presentes mantinham-se calados, admirando a solenidade do ambiente. Uns dormitavam, outros admiravam os gestos da tradução para surdos. Alguns prestavam atenção apenas à promessa de futuro trabalho, o que muito foi falado.
Foi uma exposição alienatória, enganadora, dizendo bem da empresa Suzano, engrandecendo sua história, elogiando sua grandeza e especificando os benefícios que vai trazer à região do Baixo Parnaíba. Insistiu-se demais na criação de empregos e na especialização da mão de obra. As perguntas, por escrito, que se seguiram foram só pedidos de esclarecimento sobre  as exigências do emprego. Na parede do ginásio, apenas, uma faixa dos movimentos populares contra a construção da unidade industrial da Suzano. Depois de duas horas, vieram as intervenções orais, apenas de três minutos. O primeiro a falar foi P. Neves que referiu ter sido boa a exposição industrial feita, mas lamentou ter sido desastroso o esquecimento da enumeração dos prejuízos enormes do plantio de uma árvore que vai degradar nossa região, desertificar os terrenos, afastar ainda mais a água duma área  do cerrado, semi-árida, causar enorme êxodo rural, acabar com a fauna e com muitas espécies de árvores da região. Os terrenos atingidos nem capim vão mais produzir e até os pássaros e outros animais vão fugir. É falso que as raízes dos eucaliptos são pequenas. O eucalipto vai buscar água longe, acabando com nascentes, brejos e secando depressa até correntes de água. Essas unidades industriais costumam lançar tão mau cheiro no ambiente que atinge quilómetros de distância. Os parceiros que aderirem ao plantio de  que vão viver enquanto os eucaliptos crescem? E na venda das toras de madeira que a Empresa, única na região, vai comprar ao preço que quiser será que esses parceiros vão ter dinheiro para retirar os ramos restantes que são favoráveis a grandes incêndios? A geração de empregos para nós devia-se fazer com a promoção da agricultura familiar sustentável, porque o nosso povo está com fome e trabalha só para subsistir. Seca já temos e em demasia. Vejam o que nos está acontecendo este ano! Os paliativos de projetos apresentados só demonstram os enormes prejuízos que vão acontecer. Até vocês compreendem, mas não querem referir. Se os benefícios fossem tão grandes, como querem, que nós acreditemos, pergunto: porquê o plantio do eucalipto só se faz nos países e nas regiões mais pobres? Maranhão é o Estado mais pobre da Federação e a Região do Baixo Parnaíba a mais necessitada.
]Por tudo isto e muito mais que apresentaria se o tempo desse, sou contra o projeto. Que Governo é o nosso que mais privilegia o lucro de uma grande empresa que o progresso da nossa gente? A audiência pareceu despertar e aclamou a posição do Pároco por várias vezes. Outras intervenções foram na mesma linha, insistindo na necessidade da mão de obra na agricultura familiar
O que se passou não foi Audiência Pública. Foi uma sessão pública de alienação e propaganda da Suzano, empresa em péssima situação económica. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente não se pronunciou, as Promotorias Públicas nem estiveram presentes e a população não se pode manifestar como queria. Deve haver movimentação popular para esclarecer os prejuízos para a região que não tem agricultura familiar. Responsabilizo as autoridades por não auscultarem a população e por os motivos do projeto que querem realizar aqui serem políticos e não técnicos.

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