A livraria destaca os livros para
regiões do conhecimento das mais variadas. Por alguma razão inexplicável, um
dos volumes de “A Comédia Humana” do francês Honoré de Balzac se encontrava na
estante de política. Quer dizer, para ser bem sincero, o livro se localizava na
fronteira de politica e filosofia da estante. Quase isso. Quem saberia dizer o
que pensou o atendente ao posicionar Balzac bem ali naquele lugar? Uma pergunta
idiota: a politica é uma comédia humana? Sabe-se que o titulo “A Comédia Humana”
se deve em parte à “Divina Comédia” do italiano Dante. Para algumas pessoas,
Balzac seria apenas um escritor de sucesso na literatura francesa do século
XIX. Como foi Alexandre Dumas em “Os Três Mosqueteiros”. Para a época atual, um
escritor de best-seller. A crítica a Balzac não está totalmente errada, pois o
escritor pensava em publicar seus livros e vende-los para sustentar seu ritmo
de vida (beber e comer muito). Só que essa critica esquece de avaliar a
narrativa de Balzac no contexto histórico do começo do século XIX. Balzac foi o
grande historiador das mudanças sociais e econômicas pelas quais passou a França
após as sucessivas revoluções, contra-revoluções e golpes de estado pós revolução
de 1789. O que se depreende das narrativas de Balzac é a dificuldade em dar
bons títulos aos seus romances e novelas. O melhor titulo que ele deu a uma
obra sua foi “Ilusões Perdidas” sobre jornalismo e outras cosias mais. Se o
leitor se ativesse apenas aos títulos jamais leria a obra de Balzac ou de qualquer
outro escritor por completo. “Pai Goriot” ?!!! “Coronel Chabert”?!!! Para o
leitor moderno esses títulos ou nomes não induzem a nada. Os melhores títulos na
literatura francesa são de Julio Verne “Vinte Mil Léguas submarinas” e “A volta
ao mundo em 80 dias”. Como ler os títulos de Verne e não querer adivinhar os seus conteúdos? A quase totalidade dos títulos que se vê nas
livrarias traz palavras como “morte”, “amor”, “vida” e etc. Tem que ser muito
criativo e paciente para variações em torno de um mesmo tema. Balzac não variou
muito nos títulos dos seus livros. Boa parte, nome de homens ou mulheres. Uma
das responsabilidades do Governo do Estado do Maranhão é titular terras
públicas em nome de comunidades ou de indivíduos. Ou seja conferir às terras
públicas nomes de comunidades e de pessoas. Lê-se o mesmo repertório textual em
cada titulo concedido pelo governo do estado. O que muda são os nomes, a
localização e o tamanho das áreas. A Comunidade de Baixão da Coceira, município
de Santa Quiteria, receberá o titulo da terra assinado pelo governador Flavio
Dino. Não será titulada a área toda de mais de 1000 hectares. A razão para isso
deriva da contestação do senhor Claudio Martelli, plantador de soja, que
comprou irregularmente de Chico Zulmira uma área entre Baixao da Coceira e São
José. Para que o processo prosseguisse, o Iterma excluiu a área em litigio. A
Dona Francisca, presidente da associação de Baixao da Coceira, e o senhor José,
seu esposo, na porta da casa deles, responderam que tudo bem em não titular a área
total. Para eles, o Iterma excluir 300 hectares não quer dizer que a comunidade
excluirá do seu território esse pedaço. A comunidade de Baixão da Coceira
compreende que o titulo da terra garante seus direitos do ponto de vista legal,
mas do ponto de vista prático essa terra é deles há muito tempo.
Mayron Régis
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