Muitos são os desacatos que aflige os
direitos humanos e da vida na Região do Baixo Parnaíba Maranhense. Um desses é
o ataque antiético e imoral à cultura ancestral dos camponeses que moram nas
comunidades das chapadas. Nesse sentido, pode-se perceber que a maioria dos
cemitérios, por exemplo, são localizados nas extremidades das chapadas é dai
então que em muitos casos onde essas chapadas foram ocupadas por Gaúchos e a
Suzano, estes lugares sagrados são ameaçados a cada momento pelo avanço do
agronegócio da soja e do eucalipto.
O “cemitério centenário da Chapada do Meio” no município de Urbano
Santo é uma prova de quanto estes desacatos ao modo de vida das populações
tradicionais são vítimas dos impactos causados; um trabalhador rural certa vez
disse: “Esses gaúchos não respeitam
nosso modo de vida, nossa cultura, suas cercas passam por dentro de nossos
cemitérios, cercam nossos mortos, querem acabar com tudo”. Os chamados
grupos de Gaúchos chegaram no Leste Maranhense com o intuito de trabalhar com a
monocultura da soja, pois já não bastasse a grande problemática da Suzano Papel
e Celulose que atrasa a luta pela Reforma Agrária ao contrário de nossa batalha
pelo projeto Alternativo de
Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário. Muitos campos de soja e
eucalipto adentram as áreas onde os cemitérios estão implantados há muitos
anos; um dos exemplos claros também é o do Povoado
Custódio em Urbano Santos que encontra-se dentro do eucalipto. Uma
comunidade tradicional do município de Brejo não recordo muito a época, um
trator de gaúcho ameaçou passar por cima dos túmulos do cemitério da população,
os moradores reagiram para o combate; que se o trator destruísse mesmo o local
eles ateavam fogo nas máquinas e ali no momento morreria gente, o proprietário
recuou e parou com a obra. Um verdadeiro assombro desses caras que vem do sul
do país querer mudar o modo de vida das comunidades. O livro tese de mestrado “O Eldorado dos Gaúchos” do Professor
Rafael Gastar trata sobre essas questões das relações sociais entre as duas
partes (conflitos agrários ambientais no
leste maranhense por motivo da monocultura da soja). O antropólogo Rafael
tenta entender como o avanço das fronteiras dos monocultivos em especial a soja
invade o território do Leste Maranhense assim causando conflitos com os
extrativistas e os movimentos sociais, ele ainda disserta analisando que os
campos de sojas são muito mais perigosos e devastadores com seus produtos
tóxicos e sua política em comparação com o eucalipto. Nos campos de soja não
existe sombras, no processo de construção desses campos as chapadas são
invadidas e derrubadas pelo correntão, quase sempre por mera conscidencia os
plantios de soja ficam pertos de cabeceiras de rios e riachos que acabam
sofrendo com o desaparecimento total, além da extinção das espécies vegetais e
animais que seguram a biodiversidade do cerrado.
Para acentuar é importante lembrar que
a nascente do Rio Boa Hora, um dos mais importantes de Urbano Santos, esta foi
transformada em um campo de soja. Em 2011, o estudante do curso de Geografia da
UEMA, Daniel, estava pesquisando sobre a bacia do Boa Hora, foi então que ele
acabou descobrindo que o coração do rio é um imenso campo de soja que fica nas
proximidades dos povoados Capão, Capãozinho
e Bom Sossego. Por isso que o Boa
Hora está nessa horrível e hedionda situação de seca do seu leito. Um rio de
águas claras até inicio da década de 90, infelizmente agora é um pequeno riacho
que corre o risco de desaparecer totalmente.
Este é o progresso que a gauchada e a
Suzano tem para o Baixo Parnaíba? Um legado de devastação, violência, grilagem
e desacato aos direitos morais, culturais e de sobrevivência dos povos
habitantes do território livre. Os movimentos sociais precisam reergue-se para
juntos lutarmos lado a lado contra esses problemas que vem se arrastando há
muitos anos. Antes da chegada da Suzano e depois os gaúchos, tudo era muito
diferente, a vida, a fauna, a flora, as chapadas, os rios, lagoas,
cabeceiras... em fim a biodiversidade no Baixo Parnaíba. A ganância pelo
dinheiro cega as pessoas de tal forma que elas passam despercebidas de que um
dia poderão também desaparecerem junto com a mão natureza.
José
Antonio Basto
21/01/2015
militante dos direitos humanos -, Baixo Parnaíba
Maranhense
email: bastosandero65@gmail.com
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