Eles pararam para pedir informações. Bem na hora do
almoço. Sairam naquele horário porque quase certo encontrar o seu Pedro,
presidente da Associação de São Bento, em sua casa. Quer dizer, não tinham
tanta certeza assim. Só tinham certeza do calor que fazia. Após o almoço, as
pessoas evitavam ao máximo pisar fora de casa. Ninguem caminhava por aquele
areal debaixo daquele sol. As pessoas esperavam que tampouco, nesse horário, houvesse
alguma visita às suas casas. Em alguns casos, para os moradores, uma visita
inesperada significa dar atenção e dar de comer. A gente do interior não tem da
onde tirar. Sente-se isso logo na entrada de qualquer casa, até mesmo dos
proprietários ou de quem um dia fora um grande proprietário. Os proprietários
já tiveram de onde tirar. A família dos Bentos vendeu 800 hectares de Chapada
para um “gaúcho”. Quem é esse “gaúcho”? O seu Pedro só sabe que ele reside em
Urbano Santos. O “gaúcho” ainda não fizera uso da Chapada para produção de
carvão como geralmente acontece em seguida à uma compra dessas. A Associação de
São Bento luta pela regularização de uma área de mais de 500 hectares junto ao
Iterma. Essa área está em questão com a família dos Bentos e com os
agricultores que rezam pela cartilha dos proprietários. A Associação se colocou
contra uma roça que os Bentos começaram porque ela se localiza dentro da área pleiteada para regularização e por chegar bem próximo a
nascente do córrego das Guaribas. O córrego das Guaribas desemboca no rio Preguiça. A intenção do
grupo de seu Pedro é fixar moradia nos mais de 500 hectares assim que o Iterma
regularizar a área em nome da associação. Contudo, 500 hectares são
insuficientes para a manutenção de atividades produtivas de qualquer grupo que
seja, pois, quase certo, aumentar o numero de pessoas no grupo e, quase certo, vai
se precisar de madeira para construção de casas. Os agricultores vão atrás de
madeira para construção na Chapada. Em nenhum outro lugar. Caso o “gaúcho”
desmate a Chapada para alguma finalidade agrícola, os agricultores ficam sem
madeira. Vão conseguir madeira em que Chapada e vão pagar com que recurso por
essa madeira? Só com o Baixão e sem a Chapada, reduz-se a capacidade dos
agricultores de manterem o seu modo de vida tradicional.
Mayron Régis
Nenhum comentário:
Postar um comentário