Comentar ou discutir os textos de Mayron Régis parece fácil e simples, porque, afinal, ele é um jornalista excepcional, com um raro talento literário. Parece fácil, mas não é.
E não é fácil, não apenas em razão de seu raro talento, mas, também porque ele derruba alguns mitos do jornalismo e da literatura.
Um dos mitos diz que o jornalismo deve ser isento, isto é, que a atividade jornalistica deve ser objetiva, sem as marcas pessoais do repórter em relação aos fatos relatados.
É evidente que é apenas um mito. O jornalista deve ater-se aos fatos que está reportando, mas, nem por isto, deixa de ser influenciado pelo seu próprio contexto social, cultural e econômico, bem como deste mesmo contexto da sociedade ou do grupo social sobre e para o qual escreve.
Mayron, prova que é perfeitamente possível um jornalismo militante, que compartilhe com o leitor diversas informações essenciais para sua consciência crítica da realidade, sem qualquer manipulação da realidade.
Na literatura, a técnica de reportagem parece antagônica com o gênero narrativo da crônica. Este é mais um mito, como prova o texto de Mayron Régis.
É verdade que a integração destas duas técnicas é muito rara e exige um talento especial. Mas este é exatamente o excepcional talento do autor.
O talento do autor, sua capacidade de romper com mitos e seu esforço narrativo fazem de AS CHAPADAS E OS BACURIS um livro excelente.
Ao longo de suas páginas, o autor, generosamente, compartilha suas experiencias, percepções e compreensão sobre a realidade de comunidades sem voz.
Mayron se empenha em aprender e compreender esta realidade difícil, mas também emocionante. É um processo de aprendizado e compreensão que ele compartilha conosco.
O desafio maior fica conosco que, como leitores(as), ficamos com a responsabilidade de entender e compreender uma realidade que poucos conhecem, mas que o autor se esforça em socializar.
Tenho certeza que AS CHAPADAS E OS BACURIS será lido com atenção, cuidado, preocupação mas, acima de tudo, com um grande encantamento.
Boa leitura a todos(as)
Henrique Cortez, ambientalista e jornalista (nesta exata ordem)
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