Esta semana voltei a visitar o Povoado Pequi.
Foi numa certa manhã que cheguei à casa de Dona Maria esposa do Sr. Donato para
tomar um cafezinho, entrei de surpresa na casa e encontrei ela e outras
mulheres quebrando côco babaçu para tirar azeite. Na verdade eu estava querendo
ir até a reserva da Carina que fica do outro lado do Rio Mocambo, pensando
então de fazer algumas fotos dos angelizeiros que estão florados nesse período.
Terminei o café e como as mulheres estavam quebrando côco pediu algumas bajas (amêndoas)
para degustar. Quando sai, Dona Maria me fez um convite para almoçar arroz com pequi com galinha
caipira, não pensei duas vezes para aceitar um pedido tão raro. O certo é que
fui ver a reserva com o intuito de voltar ao meio dia para o almoço. Segui
pelas baixas de najás atravessando a grota da bicuiba que desagua no Rio
Mocambo, muitos pássaros: cachorrinhos, tzius, pepiras-pretas, bem-ti-vis e
anuns-brancos. Um choro-boi cantava para as bandas do riozinho, este que é uma
perna do mocambo, bateu uma saudade de quando eu era criança naquele lugar e
lembro que íamos banhar na fonte, onde naquela época era tudo diferente. Atravessei
o mocambo e adentrei na área de reserva biológica da Carina. Muitas pedras e o
velho poço da pedra grande modificado por motivo da erosão. Subi o morro de
pedras, cansei porque é bastante elevado. Quando cheguei no ponto mais alto,
fiz algumas fotos das faveiras (fava`danta) e dos angelinzeiros lilás. Era uma
vista magnifica para quem gosta de aventuras desse tipo. O certo é que conclui
os trabalhos das fotos e voltei para casa de Dona Maria para o almoço ( arroz
com pequi e galinha). Na volta, encontrei-me com um pescador da comunidade, o
Sr. Baixinho que tinha ido olhar as caçueiras. Cumprimentei-o, onde o mesmo
perguntou pelo meu velho pai. Segui em frente e cheguei na casa de Dona Maria,
perguntei se o almoço já estava pronto, isso já era mais ou menos umas 12:30h.
A fome bateu, porque meu café foi muito fraquinho. Eles falaram que só estavam
me aguardando almoçarem. Botaram os pratos na mesa e o arroz com pequi e galinha
cheirava de longe, após o almoço veio um tira-gosto de melancia e melão,
estavam ótimos. Concluímos o saboroso almoço, depois baixei uma rede de tucum e
tirei um velho cochilo como se diz o ditado. Por volta das 15:00h, fui até a
capoeira antiga do meu velho pai, tudo
diferente. Pulei a porteira da roça e vi muitos pés de arruda, sai numa vereda
até o poço da bicuíba pulando de pedra em pedra, um jacutinga voou dum pé de
mirindiba, quando um gavião gritava pra cima do morro. Retornei pela chapada para
fazer fotos dos bacurizeiros, vi muito bacuris verdes no chão, onde pode-se
fazer uma crítica de que os próprios camponeses devem ter essa consciência da
colheita do bacuri maduro, caído. Aproveitei para colher alguns pequis, tinha
bastante derramado debaixo dos pés. Já era 16:30h, estava ficando tarde, então
voltei quase correndo porque o caminho passava por uma mata escura. Quando cheguei
em casa chamei Dona Maria que já estava preocupada. Bateu uma fome danada...
até porque eu perdi energias caminhando.
Perguntei Dona Maria se ainda tinha arroz com pequi na panela, ela disse que
sim, aproveitei para comer mais uma vez aquela iguaria única da região. Após a
merenda descansei um pouquinho e retornei para minha casa na sede de Urbano
Santos. Cheguei bastante cansado, mas convicto de ter passado aquele dia
importante e saborear o arroz do povoado pequi com pequi e galinha caipira.
Essas comidas tradicionais devem ser resgatadas como forma de sustento de nossa
cultura regional do baixo Parnaíba maranhense.
José Antonio Basto
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