quinta-feira, 24 de abril de 2014

O arroz de pequi com galinha caipira no povoado Pequi, municipio de Urbano Santos



Esta semana voltei a visitar o Povoado Pequi. Foi numa certa manhã que cheguei à casa de Dona Maria esposa do Sr. Donato para tomar um cafezinho, entrei de surpresa na casa e encontrei ela e outras mulheres quebrando côco babaçu para tirar azeite. Na verdade eu estava querendo ir até a reserva da Carina que fica do outro lado do Rio Mocambo, pensando então de fazer algumas fotos dos angelizeiros que estão florados nesse período. Terminei o café e como as mulheres estavam quebrando côco pediu algumas bajas (amêndoas) para degustar. Quando sai, Dona Maria me fez um convite  para almoçar arroz com pequi com galinha caipira, não pensei duas vezes para aceitar um pedido tão raro. O certo é que fui ver a reserva com o intuito de voltar ao meio dia para o almoço. Segui pelas baixas de najás atravessando a grota da bicuiba que desagua no Rio Mocambo, muitos pássaros: cachorrinhos, tzius, pepiras-pretas, bem-ti-vis e anuns-brancos. Um choro-boi cantava para as bandas do riozinho, este que é uma perna do mocambo, bateu uma saudade de quando eu era criança naquele lugar e lembro que íamos banhar na fonte, onde naquela época era tudo diferente. Atravessei o mocambo e adentrei na área de reserva biológica da Carina. Muitas pedras e o velho poço da pedra grande modificado por motivo da erosão. Subi o morro de pedras, cansei porque é bastante elevado. Quando cheguei no ponto mais alto, fiz algumas fotos das faveiras (fava`danta) e dos angelinzeiros lilás. Era uma vista magnifica para quem gosta de aventuras desse tipo. O certo é que conclui os trabalhos das fotos e voltei para casa de Dona Maria para o almoço ( arroz com pequi e galinha). Na volta, encontrei-me com um pescador da comunidade, o Sr. Baixinho que tinha ido olhar as caçueiras. Cumprimentei-o, onde o mesmo perguntou pelo meu velho pai. Segui em frente e cheguei na casa de Dona Maria, perguntei se o almoço já estava pronto, isso já era mais ou menos umas 12:30h. A fome bateu, porque meu café foi muito fraquinho. Eles falaram que só estavam me aguardando almoçarem. Botaram os pratos na mesa e o arroz com pequi e galinha cheirava de longe, após o almoço veio um tira-gosto de melancia e melão, estavam ótimos. Concluímos o saboroso almoço, depois baixei uma rede de tucum e tirei um velho cochilo como se diz o ditado. Por volta das 15:00h, fui até a capoeira antiga  do meu velho pai, tudo diferente. Pulei a porteira da roça e vi muitos pés de arruda, sai numa vereda até o poço da bicuíba pulando de pedra em pedra, um jacutinga voou dum pé de mirindiba, quando um gavião gritava pra cima do morro. Retornei pela chapada para fazer fotos dos bacurizeiros, vi muito bacuris verdes no chão, onde pode-se fazer uma crítica de que os próprios camponeses devem ter essa consciência da colheita do bacuri maduro, caído. Aproveitei para colher alguns pequis, tinha bastante derramado debaixo dos pés. Já era 16:30h, estava ficando tarde, então voltei quase correndo porque o caminho passava por uma mata escura. Quando cheguei em casa chamei Dona Maria que já estava preocupada. Bateu uma fome danada... até porque  eu perdi energias caminhando. Perguntei Dona Maria se ainda tinha arroz com pequi na panela, ela disse que sim, aproveitei para comer mais uma vez aquela iguaria única da região. Após a merenda descansei um pouquinho e retornei para minha casa na sede de Urbano Santos. Cheguei bastante cansado, mas convicto de ter passado aquele dia importante e saborear o arroz do povoado pequi com pequi e galinha caipira. Essas comidas tradicionais devem ser resgatadas como forma de sustento de nossa cultura regional do baixo Parnaíba maranhense.
                                                                                                                                     José Antonio Basto

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