Associação União das Aldeias Apinajé- PEMPXÀ
Todos os anos no período de julho a
setembro, milhares de hectares de campos (cerrados) e florestas do
território Apinajé são consumidos pelo fogo. Esses incêndios ocorrem na
época de estiagem, justamente no momento da florada dos pequizeiros,
cajueiros, bacurizeiros, buritizeiros e outras árvores e palmeiras do
cerrado. O resultado é um grande desastre ambiental que se repete todos
os anos, causando irreversíveis danos à fauna e a flora da área
indígena.
A fumaça e fuligem liberada pelas
queimadas do cerrado e florestas também causam sérios problemas de
doenças respiratórias nas pessoas. Especialmente as crianças
recém-nascidas são acometidas por pneumonias, cansaços, febres, dor de
cabeça e dor nos olhos. As comunidades indígenas também ficam
prejudicadas com a escassez de frutas como o pequi, buriti, bacuri,
bacaba, puçá, mangaba e caju, que todos os anos estão sendo destruídas
pelo fogo implacável.
Alguns animais
vagarosos, como é o caso dos gambás, lagartos, tamanduás, preguiças,
cobras e jabutis são vitimas direta do fogo. Os filhotes de raposa,
cutias, veados, emas, quatis, jaós, periquitos e papagaios quando não
são queimados, morrem sufocados pela fumaça. As espécies sobreviventes
são expulsas para longe pelo fogo e por falta de alimentos.
Sabemos que os incêndios
que ocorrem na área indígena na maioria das vezes são provocados
intencionalmente por invasores; caçadores, arrendatários de pastos e
roças. Antigamente os próprios indígenas colocavam fogo nos campos para
facilitar a mobilidade durante as caçadas e até hoje alguns indígenas
insistem nessas práticas equivocadas.
Estamos nos preparando para enfrentar
essa situação, no ano passado foi realizado pela Funai e a ONG Bombeiros
Sem Fronteiras o 1º treinamento e capacitação do GPI- Grupo de
Prevenção Indígenas, para atuar no controle, conscientização, prevenção e
combate aos incêndios florestais na área Apinajé. Isso pode ser o
começo das mudanças de comportamentos e práticas com relação ao uso do
fogo. Doravante deverão ser feitos aceiros antes da queima das roças e
os caçadores já estão sendo orientados pelo GPI a não tocar fogo nas
chapadas. A ONG Bombeiros Sem Fronteiras é vinculada à ONU- Organização
das Nações Unidas.
As prefeituras de
Tocantinópolis, Maurilândia, São Bento do Tocantins e Cachoeirinha devem
também fazer algo para evitar que esses desastres se repitam. Que tal
os gestores desses municípios usarem parte do ICMS Ecológico, para
ajudar prevenir e combater as queimadas criminosas e sem controle que
estão destruindo nosso bioma cerrado. Precisamos estabelecer essas novas
relações e parcerias para preparar e capacitar os jovens indígenas que
serão multiplicadores nas aldeias. No momento estamos tentando uma
reunião com o prefeito de Tocantinópolis (TO), Fabion Gomes de Sousa,
para tratar desse assunto.
Terra indígena Apinajé, 09 de julho de 2013.
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