sábado, 14 de janeiro de 2012

ONU pretende realizar no Brasil a conferência mundial de ciência e tecnologia para as regiões semiáridas

Ministro Aloizio Mercadante decidirá se aceita sediar o evento que vai reunir 194 países em novembro de 2012.




O Brasil poderá sediar a Conferência mundial de ciência e tecnologia para as regiões semiáridas, realizada de dois em dois anos pela Organização das Nações Unidas, com a participação de 194 países e uma semana de duração. O evento está pré-agendado para novembro de 2012 pelo Comitê Científico da Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos de Secas (UNCCD), organismo da ONU presidido pelo brasileiro Antonio Rocha Magalhães, eleito em outubro de 2011 na 10ª sessão da Conferência das Partes (COP) em Changwon, na Coreia do Sul.

O Comitê Científico da UNCCD se reunirá na Alemanha, em Bonn, nos dias 14 a 16 de fevereiro para discutir o programa de trabalho de ciência e tecnologia da Convenção e a Conferência mundial de ciência e tecnologia para as regiões secas. Segundo Antonio Rocha Magalhães, as Nações Unidas esperam que o evento seja realizado no Brasil, que preside o Comitê, mas a decisão depende de uma formalização da candidatura pelo governo brasileiro, por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), do qual Rocha Magalhães é assessor, já enviou a documentação ao ministro Aloizio Mercadante. Nesta sexta-feira (13), o pedido será reforçado pelo presidente do Conselho Nacional dos Institutos Federais Ensino Tecnológico (Conif), Cláudio Ricardo Gomes de Lima, reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), em audiência com o ministro.

Depois de definida a intenção do governo brasileiro de receber o evento, o estado do Ceará poderá vir a manifestar o desejo de sediar a Conferência. Contato preliminar já foi feito com o secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, René Barreira, que na última quinta-feira manifestou interesse em ter o estado como anfitrião da reunião, relata Antonio Rocha Magalhães. O secretário assinalou que ainda vai ouvir o governador do Ceará, Cid Gomes, o BNB e o MCTI, eventuais parceiros na realização do evento.

UNCCD - A UNCCD é constituída por representantes oficiais dos 194 países membros, que assinaram a Convenção, entre eles o Brasil. A décima Conferência das Partes da Convenção (COP 10) foi realizada entre 10 e 21 de outubro na cidade de Changwon, na Coreia do Sul. Como presidente, Antonio Rocha Magalhães dirigiu a primeira reunião da UNCDD, três dias de discussão das atividades científicas da Convenção. Ele integra o bureau que dirige a Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos de Secas.

Rocha Magalhães é cearense, nascido em Canindé. Doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP), ex-secretário de Planejamento do Ceará, Rocha Magalhães exerceu no Ministério do Planejamento as funções de secretário executivo no governo Itamar Franco e assessor especial para assuntos do Nordeste no governo Sarney. Foi oficial principal do Banco Mundial para o Brasil e representou o governo brasileiro no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Participaram da COP 10 ministros e representantes oficiais dos países, entidades da sociedade civil organizada, cientistas, jornalistas, parlamentares e integrantes de organismos intergovernamentais. Em uma reunião da Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Desertificação, que se realizou no México, em setembro, Antonio Rocha Magalhães foi eleito representante da América Latina no Comitê Científico da Convenção. Agora, na COP 10 (Conferência das Partes da Convenção), na Coreia, por votação, o representante da América Latina assumiu a presidência do Comitê Científico. 

Em 1992, Magalhães coordenou a realização da Conferência Internacional Impactos de Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas (ICID), uma reunião preparatória para a conferência Rio 92. O encontro produziu um documento com recomendação de políticas públicas para que se buscasse o desenvolvimento sustentável das regiões semiáridas e teve como resultado a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas, que foi recomendada na Rio 92 com base nos estudos técnicos da ICID.

A segunda edição da ICID, a Conferência Internacional sobre o Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento das Regiões Áridas e Semiáridas, foi realizada em Fortaleza, em agosto de 2010. As regiões secas da América Latina, Caribe e África, habitadas por maioria de população pobre, serão as mais atingidas pelos efeitos do aquecimento global. Por isso, se mobilizam para colocar na agenda da Conferência de Cúpula das Nações Unidas que vai debater meio ambiente e desenvolvimento sustentável no mundo, a Rio+20 em 2012, no Rio de Janeiro.

(Flaminio Araripe para o Jornal da Ciência)


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