quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Milícia armada cerca trabalhadores no MA após despejo forçado

29 de janeiro de 2014

Por Reynaldo Costa
Da Página do MST


Depois de uma semana despejados, trabalhadores rurais estão sem resposta do Incra sobre a criação de assentamento. As famílias que fazem parte do acampamento Cipó Cortado, em Senador La Roque, sudoeste do Maranhão, foram expulsas na terça-feira (21/01), e agora sofrem o cerco de um grupo de milicianos que aterrorizam diariamente os trabalhadores.

A situação de tensão na zona rural de Senador La Roque se agravou após o despejo. As informações da Coordenação do MST na Região apontam que cerca de 30 homens encapuzados e fortemente armados saíram da sede da fazenda Beira Rio, reapropriada com o despejo, e avançaram em direção a outro acampamento onde estão as famílias despejadas.

O MST denuncia ainda que entre os milicianos há PMs, que permanecem fazendo ronda no local desde o despejo e que estão como guarda dos grileiros. O MST denuncia e exige que o comando da Polícia Militar no Maranhão tome providências, retirando os PMs e os pistoleiros que rodeiam o acampamento.

As famílias despejadas estão na área da comunidade Cipó Cortado, que faz parte da Gleba, mas que já foi arrecadada pelo Programa Terra Legal. É esta comunidade, junto com as famílias despejadas, que está sofrendo o cerco dos pistoleiros.

A ordem de despejo desta vez não seguiu um Termo de Ajustamento de Conduta, onde o comando da PM comunicava, com até cinco dias, todos os órgãos possíveis envolvidos na questão, incluindo o MST ou a Imprensa.
Dois defensores públicos, Fábio Carvalho e Fábio Machado, acompanharam a operação, evitando que o uso da força pela policia acontecesse. Porém as casas e a plantação dos trabalhadores foram destruídas.

Grilagem sobre grilagem

A área reintegrada na semana passada é a fazenda Beira Rio. O Grileiro Francisco Élson alterou o nome da propriedade para Fazenda Mutum, a fim de ludibriar a Justiça e conseguir a liminar.

Informações recolhidas pelo MST apontam que o fazendeiro apenas comandou o despejo e que a área já está vendida para Luciano Henrique de Melo, um pecuarista do Estado de Pernambuco. O valor da transação seria de R$ 3 milhões.

Gilvânia Ferreira, militante do MST, explica que na Justiça Federal o processo foi devolvido para a Justiça Estadual (Comum) por ficar entendido que se tratava de conflito entre posseiros. Gilvânia denuncia que na verdade se trata de grilagem na região e estas são feitas por grandes pecuaristas, alguns vindos até de outros estados.

Cipó Cortado, terra da União

A Cipó Cortado faz parte de um complexo de áreas, comprovadamente pertencentes à União, que passa dos 100 mil hectares. Toda a área foi praticamente grilada nas décadas de 70 e 80.

A área pertencente à Cipó Cortado está sobre processo de regularização para arrecadação pelo Programa Terra Legal há mais de 6 anos. Tanto fazendeiros como trabalhadores camponeses pedem a regularização da mesma.

A ocupação da área, que teve inicio em novembro de 2007, hoje conta com três acampamentos: dois do MST e um do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Senador La Roque, somando 226 famílias acampadas. Em novembro do ano passado, cerca de 2.700 hectares tiveram seu processo de regularização concluso.

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