Por Reynaldo Costa
Da Página do MST
Depois de uma semana despejados, trabalhadores rurais estão sem resposta do Incra sobre a criação de assentamento. As famílias que fazem parte do acampamento Cipó Cortado, em Senador La Roque, sudoeste do Maranhão, foram expulsas na terça-feira (21/01), e agora sofrem o cerco de um grupo de milicianos que aterrorizam diariamente os trabalhadores.
A situação de tensão na zona rural de Senador La Roque se agravou após o despejo. As informações da Coordenação do MST na Região apontam que cerca de 30 homens encapuzados e fortemente armados saíram da sede da fazenda Beira Rio, reapropriada com o despejo, e avançaram em direção a outro acampamento onde estão as famílias despejadas.
O MST denuncia ainda que entre os milicianos há PMs, que permanecem fazendo ronda no local desde o despejo e que estão como guarda dos grileiros. O MST denuncia e exige que o comando da Polícia Militar no Maranhão tome providências, retirando os PMs e os pistoleiros que rodeiam o acampamento.
As famílias despejadas estão na área da comunidade Cipó Cortado, que faz parte da Gleba, mas que já foi arrecadada pelo Programa Terra Legal. É esta comunidade, junto com as famílias despejadas, que está sofrendo o cerco dos pistoleiros.
A ordem de despejo desta vez não seguiu um Termo de Ajustamento de Conduta, onde o comando da PM comunicava, com até cinco dias, todos os órgãos possíveis envolvidos na questão, incluindo o MST ou a Imprensa.
Dois defensores públicos, Fábio Carvalho e Fábio Machado, acompanharam a operação, evitando que o uso da força pela policia acontecesse. Porém as casas e a plantação dos trabalhadores foram destruídas.
Grilagem sobre grilagem
A área reintegrada na semana passada é a fazenda Beira Rio. O Grileiro Francisco Élson alterou o nome da propriedade para Fazenda Mutum, a fim de ludibriar a Justiça e conseguir a liminar.
Informações recolhidas pelo MST apontam que o fazendeiro apenas comandou o despejo e que a área já está vendida para Luciano Henrique de Melo, um pecuarista do Estado de Pernambuco. O valor da transação seria de R$ 3 milhões.
Gilvânia Ferreira, militante do MST, explica que na Justiça Federal o processo foi devolvido para a Justiça Estadual (Comum) por ficar entendido que se tratava de conflito entre posseiros. Gilvânia denuncia que na verdade se trata de grilagem na região e estas são feitas por grandes pecuaristas, alguns vindos até de outros estados.
Cipó Cortado, terra da União
A Cipó Cortado faz parte de um complexo de áreas, comprovadamente pertencentes à União, que passa dos 100 mil hectares. Toda a área foi praticamente grilada nas décadas de 70 e 80.
A área pertencente à Cipó Cortado está sobre processo de regularização para arrecadação pelo Programa Terra Legal há mais de 6 anos. Tanto fazendeiros como trabalhadores camponeses pedem a regularização da mesma.
A ocupação da área, que teve inicio em novembro de 2007, hoje conta com três acampamentos: dois do MST e um do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Senador La Roque, somando 226 famílias acampadas. Em novembro do ano passado, cerca de 2.700 hectares tiveram seu processo de regularização concluso.
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