terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Estudo aponta valor sociocultural e econômico do artesanato de buriti

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CRISTINE-RODRIGUES-SANTOS
Entre os diversos tipos de artesanato encontrados no Maranhão, destaca-se o feito à base da fibra de buriti - palmeira típica da qual se extrai o material utilizado para a confecção da maior parte dos produtos fabricados pelas artesãs (bolsas, chapéus, sacolas, toalhas, caminhos de mesa etc.). A matéria-prima é parte do ecossistema natural (buritizais) e também da cultura local. Para produção de suas peças, as artesãs utilizam técnicas manuais como crochê, ‘ponto batido’ e macramê, entre outras.
“Trata-se de uma importante fonte de renda para trabalhadores das classes populares. Em geral, é fonte de renda complementar para grande parte de famílias de artesãs”, explica o professor Paulo Fernandes Keller, do departamento de Sociologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, o professor Paulo Keller desde 2008 vem estudando o artesanato maranhense sob diversos ângulos – passando por questões socioculturais até as relações do trabalho artesanal com o mercado.
Em sua pesquisa mais recente - Trabalho e economia do artesanato: o caso da produção artesanal à base de fibra de buriti no Maranhão –, o professor Paulo Keller está desenvolvendo uma investigação social do trabalho e da economia do artesanato no Maranhão contemporâneo, incluindo as condições e formas de organização dessa atividade, a partir de estudos de caso selecionados (grupos de produção artesanal na região do arranjo produtivo e criativo do turismo e artesanato de São Luis–MA). O projeto já foi realizado em Barreirinhas e Tutóia. Atualmente a equipe do professor Keller está visitando grupos de São Luís e Alcântara.
“Partimos da perspectiva de que o trabalho artesanal, enquanto atividade econômica, encontra-se enraizado na vida sociocultural e institucional da sociedade. Assim, investigamos os artesãos e sua imersão em redes de relações sociais de produção que são parte da cadeia produtiva ou da cadeia de valor do artesanato, assim como sua imersão em redes socioculturais e institucionais”, explica o pesquisador.
De acordo com o professor Paulo Keller, o que chamou a atenção no trabalho sobre os artesãos e artesãs maranhenses foi a relativa invisibilidade, a carência de dados estatísticos e a importância deles tanto para a cultura (nacional e regional) como para a economia de muitas famílias. Uma das metas futuras do projeto é realizar atividades de extensão e contribuir para maior valorização do artesão e de suas associações e cooperativas.
Para ele, hotéis e pousadas localizados nas áreas onde ocorre a produção do artesaneto poderiam atuar como parceiros dos artesãos, utilizando o artesanato na decoração dos seus ambientes ou oferecendo espaços para a comercialização dos produtos. “Seria uma forma de garantir maior dinamismo a essa economia, de forma a superar um dos maiores gargalos desta cadeia que é a comercialização”, declarou o pesquisador.

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