- Seg, 06 de Janeiro de 2014
- Escrito por Ivandro Coelho
Entre os diversos tipos de artesanato
encontrados no Maranhão, destaca-se o feito à base da fibra de buriti -
palmeira típica da qual se extrai o material utilizado para a confecção
da maior parte dos produtos fabricados pelas artesãs (bolsas, chapéus,
sacolas, toalhas, caminhos de mesa etc.). A matéria-prima é parte do
ecossistema natural (buritizais) e também da cultura local. Para
produção de suas peças, as artesãs utilizam técnicas manuais como
crochê, ‘ponto batido’ e macramê, entre outras.
“Trata-se de uma importante fonte de renda para
trabalhadores das classes populares. Em geral, é fonte de renda
complementar para grande parte de famílias de artesãs”, explica o
professor Paulo Fernandes Keller, do departamento de Sociologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ,
o professor Paulo Keller desde 2008 vem estudando o artesanato
maranhense sob diversos ângulos – passando por questões socioculturais
até as relações do trabalho artesanal com o mercado.
Em sua pesquisa mais recente - Trabalho e economia do artesanato: o caso da produção artesanal à base de fibra de buriti no Maranhão
–, o professor Paulo Keller está desenvolvendo uma investigação social
do trabalho e da economia do artesanato no Maranhão contemporâneo,
incluindo as condições e formas de organização dessa atividade, a partir
de estudos de caso selecionados (grupos de produção artesanal na região
do arranjo produtivo e criativo do turismo e artesanato de São
Luis–MA). O projeto já foi realizado em Barreirinhas e Tutóia.
Atualmente a equipe do professor Keller está visitando grupos de São
Luís e Alcântara.
“Partimos da perspectiva de que o trabalho
artesanal, enquanto atividade econômica, encontra-se enraizado na vida
sociocultural e institucional da sociedade. Assim, investigamos os
artesãos e sua imersão em redes de relações sociais de produção que são
parte da cadeia produtiva ou da cadeia de valor do artesanato, assim
como sua imersão em redes socioculturais e institucionais”, explica o
pesquisador.
De acordo com o professor Paulo Keller, o que
chamou a atenção no trabalho sobre os artesãos e artesãs maranhenses foi
a relativa invisibilidade, a carência de dados estatísticos e a
importância deles tanto para a cultura (nacional e regional) como para a
economia de muitas famílias. Uma das metas futuras do projeto é
realizar atividades de extensão e contribuir para maior valorização do
artesão e de suas associações e cooperativas.
Para ele, hotéis e pousadas localizados nas
áreas onde ocorre a produção do artesaneto poderiam atuar como parceiros
dos artesãos, utilizando o artesanato na decoração dos seus ambientes
ou oferecendo espaços para a comercialização dos produtos. “Seria uma
forma de garantir maior dinamismo a essa economia, de forma a superar um
dos maiores gargalos desta cadeia que é a comercialização”, declarou o
pesquisador.
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