Sem
retorno nenhum para a agricultura familiar em nosso município e região,
tampouco para o desenvolvimento sustentável, a peste do eucalipto se alastra em
todo território de Urbano Santos e Baixo Parnaíba há mais de três décadas. Os
grandes plantios de eucaliptos chegaram nesse chão no inicio da década de 1980
com a Empresa Florestal que depois foi chamada de Paineiras e hoje Suzano Papel
e Celulose. A partir daí essa monocultura começa a prejudicar tanto a questão
ambiental, quanto também os processos fundiários das comunidades tradicionais.
O problema do eucalipto deixa mais do que claro o sugamento dessas
multinacionais que vieram se dá bem com nossas terras e ainda mais, sem nenhuma
preocupação com o bem-estar de nossa população sofrida e oprimida.
Quando
se viaja para a zona rural mais ou menos ali nas extremidades dos povoados Ingá
e Santana, estes que estão afetados diretamente pelo grande impacto, percebe-se
o grau de pobreza da população ingênua do que vem acontecendo ao seu redor. As crianças
desnutridas, nuas e doentes, a população passando fome, miséria e desacato aos
direitos humanos e da vida; mas é só olhar para os lados na beira da estrada:
um mar verde de eucaliptos que some no horizonte infinito. Então fica a
pergunta bem direta sem arrodeio: como é que a Suzano se preocupa com as comunidades onde ela opera seu sistema
devastador das florestas e do cerrado, sem que nesses pobres povoados não
existem nada de retorno: telefones, hospitais, escolas... nada? Tudo bem isso
pode até ser dever do poder público mais eu estou aqui revertendo por outro
ângulo, aquilo que deveria ser o correto. Saibam que agora a Suzano fez um
pacto com a China de exportar papel e celulose para o outro lado do mundo e
aqui como nós ficamos? Sem nada, apenas com nossos rios, riachos e lagoas secas
porque os monstros verdes sugam toda água do subsolo, além disso ainda ficamos
também sem os pássaros que não tem mais onde pousar e jamais pousarão em campos
de eucaliptos, sem os pebas, tatus, veados, cutias, preás... em fim uma enorme
variedades de animais tão quanto a flora das chapadas como bacuris, pequis,
mangabas, candeias e etc estão desaparecendo rapidamente. O correntão da Suzano
não tem pena de nada leva tudo que encontra pela frente. Há alguns dias atrás
um avião sobrevoava o município de Urbano Santos e as pessoas perguntavam-se
que avião era aquele que não queria pousar. Pois bem este avião era um ateador
de veneno e inseticidas nos campos de eucaliptos nos povoados mato grande e
joaninha, nesse sentido o veneno não fica apenas nos campos mas escoa para as
laterais adentrando nas nascentes dos riachos que abastecem as comunidades em
todos os aspectos, lavam roupas, os bichos bebem e assim sucessivamente, mas
podemos dizer que estas águas nunca mais serão as mesmas. E ainda é importante
lembrar já que falamos nesses povoados, a Suzano antes de plantar eucaliptos
por exemplo no povoado Joaninha ela extraiu a madeira nativa da região para a
produção de carvão mineral com suas outras empresas chamadas terceirizadas,
construíram uma fortaleza de fornos e devastaram toda floresta não respeitando
nada... e ainda mais entrou outra questão muito séria, a realidade dos
trabalhadores rurais assalariados que faziam toda mão de obra: do corte da
madeira, empilhamento à tiragem do carvão pegando fogo nos fornos. É um caso de
se pensar. A peste do eucalipto no município de Urbano Santos é um problema que
talvez não seja resolvido agora, mas que nunca será aceito. As relações
climáticas mudaram e vem mudando radicalmente. Com isso vai apenas uma
afirmação convicta, saibam que este é um problema de todos nós.
(JOSE ANTONIO BASTO) / militante dos Direitos Humanos)
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