QUEDA DE BRAÇO LONGE DO FIM
Ruralistas são maioria em comissão que analisará vetos de Dilma ao Código Florestal
Protestos
contra o veto presidencial, confronto entre ruralistas e ambientalistas
e bate-boca marcaram a primeira reunião da comissão mista de senadores e
deputados que analisará a admissibilidade da Medida Provisória 571, que
introduz mudanças na legislação agrícola e de meio ambiente para suprir
o vácuo deixado pelos 12 vetos que a presidente Dilma Rousseff fez no
texto do Código Florestal aprovado pelos parlamentares. Foi
restabelecido o confronto sobre o tema no Congresso.
Dos 26
membros titulares da comissão (13 senadores e 13 deputados) pelo menos
17 são ligados à Frente Nacional da Agropecuária. Eles foram escolhidos
a dedo pelos líderes dos partidos, inclusive os governistas, o que
indica dificuldade para um parecer de consenso que o relator, senador
Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), pretende apresentar no dia 12.
O
relator admitiu que precisará conversar muito para obter consenso sobre
as mais de 620 emendas apresentadas; ele deverá rejeitar a maioria:
-
A presidente Dilma deu uma sinalização forte para a Frente Parlamentar
da Agropecuária, que é a preocupação em proteger os pequenos
produtores. Acho que esse será um bom ponto de partida para o
entendimento - disse o relator, reconhecendo que o grande número de
emendas foi uma resposta do Congresso à presidente.
Os ruralistas querem que grandes empresas dividam com os produtores rurais a conta da recuperação ambiental.
-
Cadê as megas empresas de petróleo, de máquinas, as indústrias que
poluem? Ninguém é chamado a nos ajudar a pagar essa conta. Por que só
os produtores? Temos que proteger o meio ambiente, mas alguém tem que
bancar essa conta. Por que só o produtor? - protestou o deputado Luis
Carlos Heinze (PP-RS).
Em minoria, o deputado Sarney Filho
(PV-MA), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, acusou os
líderes dos partidos de irresponsáveis por terem indicado parlamentares
da "nata do ruralismo". Disse que, com as mais de 600 emendas
apresentadas, o projeto de conversão da MP vai restabelecer tudo o que
Dilma vetou.
Críticas ao "Veta tudo Dilma"
A confusão
começou quando o deputado Paulo Piau (PMDB-MG) criticou ONGs
ambientalistas e acusou os líderes do movimento "Veta tudo Dilma" de
terem agido sem ética, usando dados falsos para defender o veto ao
Código Florestal aprovado na Câmara:
- A campanha "Veta tudo
Dilma" foi eivada de falta de ética. - disse Piau, relator do texto
aprovado pela Câmara e vetado por Dilma. - Quando uma campanha é feita
com lisura e verdade, não tem problema. Mas houve inverdades.
Sarney Filho reagiu:
-
O deputado Piau foi deselegante com mais de dois milhões de brasileiros
que assinaram a campanha. Temos o que há de mais representativo do
ruralismo nessa comissão e, infelizmente, o que vamos ver aqui vai ser a
tratoração de um posicionamento. Não há como, numericamente, ter uma
posição diferente.
A Frente Ambientalista apresentou nove emendas
à MP 571, além de dezenas de outras apresentadas individualmente pelos
deputados ambientalistas. Uma delas mantém as regras do Código
Florestal anterior à MP sobre Áreas de Proteção Ambiental e outra para
obrigar a criação de APPs em áreas de Apicuns e ecossistemas. Mesmo com
regras que beneficiam pequenos produtores na questão da recuperação
ambiental, incluídas na MP de Dilma, Sarney Filho diz que elas
significam anistia.
- Tudo que trata de recuperação ali na MP significa anistia, significa recuperação muito menor do que deveria acontecer.
Integrante
da Frente da Agropecuária, o deputado Nélson Marquezelli (PTB-SP)
admitiu que vai ser reaberta a guerra na tramitação da MP. As
principais emendas do grupo, que apresentou a maior parte das cerca de
600 emendas, defendem a autonomia dos estados para legislar sobre
agricultura e meio ambiente.
Um dos mais irritados era o deputado
Lira Maia (DEM-PA). Ele acusou o relator de desrespeitar um acordo de
só apresentar o relatório após a Conferência Rio + 20. E acusou Dilma
de desrespeitar o Parlamento ao editar no mesmo ano uma MP sobre tema já
tratado pelos parlamentares:
- Nós do Parlamento estamos vivendo
um momento de muita fragilidade. Não posso, como parlamentar, engolir
tamanha afronta - disse Maia.
terça-feira, 12 de junho de 2012
CARTA ABERTA DE COMUNIDADES IMPACTADAS PELA VALE E SUZANO
Somos militantes dos movimentos sociais, mobilizados em defesa dos direitos humanos e do Meio Ambiente.
Somos quilombolas, quebradeiras de coco da Estrada do Arroz, pescadores atingidos pela hidroelétrica de Estreito, trabalhadores e trabalhadoras sem terra e sem direitos. Somos comunidades impactadas pelos grandes projetos e sua violência socioambiental, que ainda os órgãos ambientais não conseguiram enfrentar com firmeza e eficácia.
Denunciamos os grandes projetos econômicos instalados no estado do Maranhão, a exemplo da duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da expansão desenfreada do monocultivo de Eucalipto pela empresa Suzano. Esses projetos têm subvertido os ciclos vitais da natureza, privatizando e mercantilizando os bens naturais e minerais, provocando degradação social e ambiental com conseqüências gravíssimas para toda população.
Vimos de Açailândia, Vila Nova dos Martírios, São Pedro d’Água Branca, Bom Jesus das Selvas, Buriticupu, Itapecuru, S. Rita, Miranda do Norte, São Luís.
Vários de nós seguirão caminho até a Cúpula dos Povos, em ocasião da Conferência Internacional da ONU “Rio+20”, levando o grito e as reivindicações do Maranhão e reafirmando a luta dos povos por “justiça ambiental e social, contra a mercantilização da vida e em defesa dos Bens comuns”.
Hoje estamos aqui, em Imperatriz, denunciando esses conflitos socioambientais, à espera de respostas por parte do Ministério Público Federal, do IBAMA e do INCRA.
Estamos preocupados pela maneira como estão sendo licenciadas as obras de duplicação da EFC: empreendimento de grande envergadura, de altíssimo investimento (mais de 8 bilhões de reais) e com um enorme potencial de impacto sobre o meio ambiente e sobre mais de 100 povoados localizados às suas margens.
Já nossas comunidades interpelaram oficialmente IBAMA e MPF sobre os conflitos existentes e as graves ameaças que elas sofrem, mas a resposta é insatisfatória. O processo de licenciamento está se desenvolvendo às escondidas, entre Vale e IBAMA, sem EIA-RIMA e sem audiências públicas normatizadas por resoluções do CONAMA.
O monocultivo de eucalipto em nossas regiões expulsa os trabalhadores do campo, favorece ainda o trabalho escravo ou jornadas desumanas de trabalho, pago por produção.
Em nossos assentamentos instalaram-se canteiros de obras da Vale, criando conflitos com o ritmo de vida cotidiano das comunidades, prometendo trabalho que se revelou instável e para poucos.
A compra-venda de terras entre Vale e Suzano está expulsando da terra inteiras famílias e, nessa precariedade, as comunidades quebradeiras de coco ainda não conseguem garantir sua segurança alimentar.
Nossas populações quilombolas foram desrespeitadas pela Vale e precisou uma Ação Civil Pública para que a empresa reconhecesse suas violações.
Os povos indígenas, pescadores, ribeirinhos, assentados, e toda a população da região tocantina ainda sofrem os impactos da usina Hidrelétrica de Estreito.
Levaremos à Cúpula dos Povos o nosso protesto. Queremos que os órgãos ambientais e as instituições de garantia dos direitos difusos assumam a voz dos atingidos e não cedam às pressões das empresas e do poder político, que prometem desenvolvimento e distribuem prejuízos.
Reivindicamos:
• Imediata Suspensão do processo de licenciamento ambiental da duplicação da Estrada de Ferro Carajás e a não concessão de nenhuma nova licença até que o processo enfim se regularize;
• Divulgação do estudo de impacto e das medidas mitigadoras e compensatórias previstas, de maneira compreensível a todas as mais de 100 comunidades diretamente impactadas por esse grande empreendimento;
• Realização de regulares audiências públicas nos municípios atingidos por esse empreendimento e o cancelamento das 04 “reuniões públicas” pelas quais Vale e IBAMA querem resolver superficialmente as dúvidas e insatisfações das mais de 100 comunidades diretamente impactadas;
• Realização de consulta às comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas) impactadas, a fim de averiguar sobre seu consentimento prévio, livre e informado a respeito das obras, seguindo os parâmetros da Convenção 169 da OIT, que o Estado brasileiro se obrigou a cumprir;
• Intervenção do INCRA para monitorar e coibir a ação das empresas nos territórios de assentamento rural, como a invasão do eucalipto ou a instalação de canteiros de obras, entre outras formas de impacto.
Imperatriz (MA), 14 de junho de 2012
Convidamos para ato público quinta-feira, dia 14 de junho em Imperatriz.
10 h: manifestação em frente ao IBAMA
11 h: reunião pública com MPF, IBAMA e INCRA
12 h: encerramento do ato na praça de Fátima
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Manifestação das Mulheres na Cúpula dos Povos – 18 de junho, 10 horas, no MAM
As
mulheres presentes na Cúpula dos Povos convocam uma manifestação
feminista para o dia 18 de junho, às 10h, no Museu de Arte Moderna
(MAM). Queremos mostrar o posicionamento feminista de crítica global às
falsas soluções propostas para a crise atual, representada
pela ‘economia verde’.
A visão comum das mulheres é que deve
ser construído outro modelo de produção-reprodução e consumo, baseado em
outro paradigma de sustentabilidade da vida. Por isso, como sujeitos
ativos no processo da Cúpula dos Povos, as mulheres se posicionam contra
a mercantilização da natureza, em defesa dos bens comuns. Defendem,
também, a liberdade, a autonomia e soberania das mulheres sobre seus
corpos e suas vidas e demandam voz ativa em todos os processos de
decisão sobre as políticas em geral.
Enviada por Leila Tavares.
http://racismoambiental.net.br/page/3/
Decisão Tribunal de Justiça contrária a Suzano e em favor do Polo Coceira
PRIMEIRA CAMARA CIVEL
AGRAVO REGIMENTAL Nº 14.807/2012 (0001338-39.2012.8.10.0000)
AGRAVANTE: SUZANO PAPEL E CELULOSE S/A.
Advogado: Dr. Leonardo de Carvalho Ambrozi
AGRAVADOS: ALBERTO ALVES DE ARAUJO E OUTROS
Advogados: Dr. Celso Sampaio Gomes e outros
Relatora Substituta: Desa. NELMA SARNEY COSTA
D E C I S Ã O
Trata-se de Agravo Regimental interposto por Suzano Papel e Celulose
S/A. contra a decisão proferida pelo Relator Originário que indeferiu o
pedido liminar nos autos do Agravo de Instrumento nº 7.987/2012.
Insurgiu-se o agravante aduzindo que os recorridos requereram a
proteção possessória de uma gleba que dizem ocupar e que estaria em
processo de regularização junto ao ITERMA, conforme requerimento da
Associação Comunitária Gabriel Alves de Araújo, da qual fazem parte os
recorridos.
Argumentaram que sendo o imóvel de domínio do Estado, bem público, este
estaria sendo ocupado de forma irregular pelos recorridos, os quais não
possuem permissão para o seu uso, estando apenas na condição de meros
detentores, de forma que não poderiam ter direito à proteção
possessória, o que levaria à extinção da ação sem exame de mérito.
Arguiram, ainda, a ilegitimidade ativa dos agravados para proporem a
ação, uma vez que eventual proteção sobre a terra caberia à Associação
acima mencionada, que é quem está tentando regularizar a área e que
inexiste a composse alegada, pois os lotes são individualizados,
cabendo, por ventura a cada um defender a sua área. Assim, requereram a
reconsideração da decisão.
É o breve relato. Passo a decidir.
Em razão da nova sistemática processual foi estabelecida vedação à
interposição de recurso contra a decisão liminar que, com fulcro no art.
527, III, do Código de Processo Civil, concede ou nega efeito
suspensivo ao Agravo de Instrumento, ou, ainda, antecipa ou não os
efeitos da tutela recursal.
Sendo assim, a única possibilidade aberta à reforma da decisão antes da apreciação pelo órgão colegiado, nas hipóteses vertentes, é o exercício do juízo de retratação pelo próprio Desembargador Relator , o qual deverá se convencer do desacerto da sua decisão ou de eventuais vícios que a acobertem.
Nessa esteira, tenho que o posicionamento externado monocraticamente
por esta relatoria apresenta-se consentâneo com a legislação pertinente à
matéria, bem como com os substratos fáticos constantes dos autos, a não
autorizar a concessão do efeito suspensivo pretendido.
Urge ressaltar que a decisão agravada pautou-se em informações da
própria Agravante de que os recorridos ocupam parte da área em litígio,
ainda que seja por mera detenção e em especial pelo fato de que há a
pretensão de desmatamento da área.
De igual modo, pelos motivos já externados, resta também inviável o
recebimento do presente pleito como se fora Agravo Regimental, eis que
não mais cabível em nosso ordenamento jurídico na hipótese tratada nos
presentes autos.
Com base no exposto, mantenho a decisão recorrida.
Encaminhem-se os autos à Procuradoria Geral de Justiça, para parecer.
Publique-se. Intime-se.
São Luís, 21 de maio de 2012.
Desembargadora NELMA CELESTE SOUZA SILVA SARNEY COSTA
RELATORA
Lavradores de Magalhães de Almeida sofrem com seca
Outros 17 municípios já decretaram estado de emergência por falta d'água.
Projeto de irrigação existe há 20 anos na região, mas sem funcionar.

Os animais sugam a lama nos açudes secos e a estiagem vem deixando os vaqueiros desolados no semi-árido maranhense. Nove mil famílias de agricultores foram afetadas pela seca na cidade de Magalhães de Almeida, um dos 18 municípios maranhenses em estado de emergência. Metade da safra já foi perdida no campo, como conta o agricultor Bernardo de Araújo Carvalho, cuja colheita praticamente não rendeu. "Em uma roça como esta, se tivesse chovido, eu teria tirado de 40 a 50 safras de milho, mas desta forma, não vou tirar nem 5", comentou ele.
O drama das famílias da região deveria ter sido resolvido há 20 anos, se o projeto de irrigação de responsabilidade do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) estivesse funcionando plenamente. O projeto Tabuleiros Costeiros deveria irrigar uma área com 26 mil hectares em uma das regiões que menos chove no nordeste, mas a rede de canais que levaria a água até as lavouras nunca foi concluída e se encontra, atualmente, perdida no meio do matagal.

O açude com milhões de metros cúbicos de água fica a poucos metros de algumas lavouras, onde as perdas passam de 30% por causa da estiagem.
Segundo o coordenador do Dnocs, José Carvalho Rufino, o projeto de irrigação da região está incluído na segunda etapa do Pac, programa de aceleração do crescimento, e deve ser concluído até 2014.
Do G1 MA com informações da TV Mirante
http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2012/06/seca.html
quinta-feira, 7 de junho de 2012
CONHEÇA O GEDITE - GRUPO DE ESTUDOS EM DINÂMICA TERRITORIAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
A sistematização de informações sobre Política Agrícola, Produção
Agrícola, Inovações tecnológicas e as Ações de Reforma Agrária podem
contribuir significativamente para discussões sobre os rumos das
políticas públicas voltadas para campo. Com esse propósito foi criado,
em 2010, Grupo de Estudos em Dinâmica Territorial envolvendo professores
da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), da Universidade Federal do
Maranhão... mais em : http://www.neysilva.com/2012/06/conheca-o-gedite-grupo-de-estudos-em.html
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