“Escrever é uma infâmia.” A frase
fez falta. Tanto fez falta que ela retornou. A razão do retorno ou do eterno
retorno: as cartas de Mario de Andrade para Carlos Drummond de Andrade. Perdera
a oportunidade de comprar o livro em uma loja do aeroporto. Pediu a um amigo a
compra desse livro pela internet. O que o induzia à compra senão o fato de que
se tratava de cartas. Por que perder tempo com cartas? Seria mais lógico ir
direto à prosa ficcional de Mario e à poesia de Drummond. A lógica nem sempre
predomina sobre essas paragens. Pela lógica, nem se daria ao trabalho de
escrever. Por si só bastariam os escritores que nada escrevem ou aqueles que fingem escrever para um público
inexistente. Queria que houvesse escritores de verdade e um público de verdade
para cada escritor. Um público alheio a tudo,
especialmente ao conforto. Os moradores da Formiga, povoado de Anapurus, despojaram-se
do conforto. A pequena Eva ia com seu pai a pé de Anapurus a Formiga. Eles
andavam mais à noite. Uma longa caminhada de doze horas. Sem muita pressa. Sem
muitos imprevistos. Durante a caminhada, ela via coisas sem pé e nem cabeça. Coisas
que ela não saberia explicar o que eram. Nenhuma dúvida assaltava sua mente. “Seu
livro é sobre o sertão...”, uma amiga comentou. “Todos os meus livros são sobre
o sertão..”, ele respondeu.
Mayron Régis
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