Vira e mexe o nome dessa comunidade vem à baila (o baile de outrora caiu em desuso. A casa-grande se encontra trancada e não festeja mais). Santa Maria como nome de comunidade é bastante comum. A Santa Maria deste texto pertence ao município de Urbano Santos, Baixo Parnaiba maranhense. José Antonio Bastos, funcionário do STTR, escreveu sobre essa comunidade diversas vezes. Ele delineou em seus artigos o mais pertinente à sua análise. "Prestem atenção a Santa Maria", pede Jose Antonio Bastos.Como acontece com tantas outras comunidades tradicionais da zona rural de Urbano Santos, pouca gente conhece a historia de Santa Maria e pouca gente sabe sua localização.
A Santa Maria de Urbano Santos é uma comunidade quilombola. Isso quer dizer que os avós dos atuais moradores viviam sob o domínio de algum proprietário de terra. Pediam-lhe permissão para qualquer coisa. Destinavam a ele parte de suas produções. A farinha e coco babaçu. Não importava ao proprietário o quanto eles tinham produzido de farinha e o quanto eles tinham quebrado de coco babaçu. Importava que recebesse a sua parte. Tanto a farinha de mandioca como o coco babaçu e seus subprodutos resultavam do aproveitamento econômico das partes baixas do relevo. Havia uma parte alta. A Chapada. Ela era de pouca valia para os agricultores. O máximo que a Chapada lhes proporcionava: o bacuri e o pequi. Ninguem comprava bacuri e pequi. Os agricultores ajuntavam uma quantidade para se alimentarem e o restante se estragava sobre o chão.
E quando menos se esperava, eis que Santa Maria surge. Não a comunidade e sim a Chapada. Totalmente desmatada. Os antigos proprietários ou seus herdeiros venderam-na para empresários que nela plantaram soja e eucalipto. Isso reduziu e muito a qualidade de vida dos agricultores. No primeiro momento, eles não se deram conta dos malefícios que os desmatamentos e os plantios de soja e de eucalipto trouxeram para a comunidade e para o meio ambiente. Com o passar do tempo, essa percepção mudou. Mudou tanto que os moradores, que se reconhecem como quilombolas, querem que o Incra desaproprie os mais de dois mil hectares da propriedade original. Outra coisa: eles não aceitam mais que alguém de fora compre terrenos na comunidade.
Mayron Régis
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