Fernando Almeida
A
camponesa Raimunda Pereira dos Santos (67 anos), moradora da Gleba do
Tauá - Barra do Ouro (TO) há mais de meio século, será obrigada a deixar
o casebre de palha, ‘herdado’ dos pais. O mandado de reintegração de
posse foi expedido no último dia 24 pelo Juiz Luatom Bezerra Adelino de
Lima, da Comarca de Goiatins (TO).
De
acordo com a defesa, Raimunda é mãe de 11 filhos biológicos e dois
adotivos. E vive na Gleba do Tauá desde 1952, quando os pais e avós
ocuparam a terra de propriedade da União. A camponesa é a líder de um
grupo de 12 famílias da região, ameaçadas de despejo.
O Sindicato
dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do
Tocantins SINTSEP-TO, em nota, disse que o caso ficou ‘adormecido’ por
20 anos e neste ‘interim’ os grileiros agiram com completa impunidade e
que muitas famílias estão ilhadas pelo plantio de soja. Sobre dona
Raimunda, diz que ela é a líder da resistência dos ocupantes
tradicionais de terras públicas no Matopiba, que resistem ao poder dos
grileiros.
A
camponesa, segundo relato da advogada da Comissão Pastoral da Terra em
Araguaína, Lorrany Lourenço Neves, sobrevive da agricultura de
subsistência: plantio de milho, arroz, feijão, mandioca e banana. Além
da extração do buriti e criação de animais. Uma reportagem do jornal O
Estadão, de 2013, mostrou que Raimunda vive numa casa sem energia
elétrica, nem água encanada e rodeada por plantações de soja. Outras 80
famílias da região também estão em risco eminente de despejo.
O
despejo de toda a família de Raimunda pode acontecer a qualquer
momento, a partir desta quinta-feira, 29. E a defesa corre contra o
tempo para tentar revogar, em instância superior, a decisão do Juiz da
Comarca de Goiatins. Para justificar a decisão, o Juiz argumentou que
não tem admitido produção de prova exclusivamente testemunhal para a
prova de áreas rurais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário