Ana Paula Batista
Aluna
do 7° período do curso de História da Universidade Estadual do Maranhão –
UEMA,Bolsista de Extensão (PIBEX) pela mesma IES.
No que tange o Estado do Maranhão,
especialmente na região do Baixo Parnaíba, plantações de eucalipto são
vastamente observadas em cidades desta região, nosso estudo está centrado nacidade
de Urbano Santos. O município se estende por uma área territorial 1.708,294 Km2
e conta com população estimada 31.840 habitantes conforme nos diz o IBGE com
base no censo 2014. Vizinho dos municípios de Belágua e São Benedito do Rio
Preto, Urbano Santos se situa a 59 km a Norte-Oeste de Chapadinha a maior
cidade maranhense do Baixo Parnaíba.[1]
A
‘floresta de eucaliptos’ocupa uma extensão de 174 mil hectares. Uma parte
dessas áreas pertence à empresa siderúrgica Margusa e a outra, à Suzano Papel e
Celulose, que implantou a danosa planta para a população local.
No
inicio da década de 1980, a cidade de Urbano Santos passou por profundas transformações
com a chegada da Empresa “Florestal”, que logo mais passaria a ter nova denominação:
Comercial e Agrícola Paineiras e atualmente se chama Companhia Suzano Papel e
Celulose. A implantação da floresta atípica na região promoveu a derrubada
indiscriminada de árvores nativas especialmente do bacuri e do pequi fonte de
renda para as comunidades tradicionais que viviam do extrativismo das referidas
plantas.
Nossa floresta tem hoje 2.200 hectares,
localizada nos Municípios de Urbano Santos e Santa Quitéria do Maranhão. Em seu
plantio foram utilizadas todas as técnicas modernas, desenvolvidas pelo Centro
de Pesquisa da Companhia Suzano, que ali está desde o início da década de 1980,
aprimorando o material genético das mudas bem como técnicas adequadas de manejo
e aplicação de insumos.[2]
A Empresa Florestal Ltda chegou
ao município de Urbano Santos e instalou seu primeiro viveiro de teste justamente
na área que pertencia a Associação dos moradores da Fazenda Santo Amaro. Começou
ali as primeiras discórdias e conflitos agrários entre os representantes da empresa
e os moradores do povoado que eram representados e orientados pelo movimento
social com o apoio da Igreja católica.
A Florestal iniciou suas atividades
avaliando as condições prévias do plantio. Com o discurso de que o projeto
seria implantado e desenvolvido em áreas degradadas, com solos de baixa
fertilidade, com a presença de erosão ou em áreas de pastagens, por exemplo, e que
geraria impactos positivos sobre diversas variáveis ambientais, como elevação
da fertilidade do solo.Tentando convencer a população a aceitar a implantação
da ‘floresta de eucalipto’, a jornalista Léa Medeiros assim se expressou:
Pois o desconhecimento científico em
torno dos plantios do eucalipto tem levado preconceitos às administrações
públicas, ONGs, empresas e o que é pior, ao ensino de jovens que crescem e se
formam cultivando um mito em torno de uma planta que, ao contrário do que
pensam, também tem tudo a ver com a tão desejada sustentabilidade ambiental e
econômica. [3]
Associado a esse discurso de
convencimento os representantes da empresa Florestal decidiram conversar com os
líderes rurais do movimento em defesa da Reforma Agrária e do meio ambiente.
Construíram uma casa de fazenda próxima ao Rio Mocambo e plantaram diversas
mudas de eucaliptos nas redondezas. Naquele momento, a empresa necessitava de
muita água para o plantio, e por isso se instalaram as margens e na proximidade
dos rios Mocambo e Boa Hora. Tinha início sem que ninguém soubesse, a
degradação dos rios que abastecem Urbano Santos e por onde no passado não muito
distante, chegavam as mercadorias conduzidas por lanchas.
Propriedade
vem do latim proprius e significa
meu. A propriedade sempre existiu, nas Cruzadas, cristãos e muçulmanos tomaram
terras uns dos outros, No período dos descobrimentos
os reis europeus se declaram proprietários das terras encontradas no Novo
Mundo, a questão da posse, da propriedade quase sempre foi resolvida com
guerra. Adam Smith já dizia que a propriedade só existe quando tem dono,
confirmado no cartório. Contudo a história da propriedade é a história do
capitalismo (GRYNSZPAN, 2005;376).
Como disse antes, a chegada do
‘progresso’ agora travestido de empregos no campo e o pleno desenvolvimento
foram fatores convincentes de que a vinda da empresa de eucaliptos mudaria a
vida daquela comunidade para melhor. A grande quantidade de terras devolutas
existentes no Maranhão sempre proporcionou certa tranquilidade ao posseiro, aqui entendido como ‘aquele
que se encontra na posse, que ocupa um trecho da terra, sem, no entanto, ser se
dono efetivo’. [4]
Sempre alegando que as
avarias contidas na terra, seu solo pouco fértil e a grande quantidade de
erosões foi o discurso usado pelos representantes da Florestal para convencer
os posseiros a cederem suas terras
para o plantio de eucalipto, alegando contudo, que o direito das mesmas
continuariam com a comunidade.
O que os agricultores não esperavam, é
que com o processo de implantação do eucalipto, ‘trocariam’ sua mata nativa,
por uma floresta de eucaliptos. Conforme nos relatou SOUZA:
O representante vistoriava a terra,
fazia a medição por conta própria e pagava por hectare R$ 53,00, onde o valor
real seria R$300,00. Aquele agricultor não orientado se convencia de que sua
terra não produziria mais, então vendia a preço minguado.[5]
O
Instituto de Colonização e Terras do Maranhão, ITERMA - órgão atualmente vinculado à Secretaria de
Estado de Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar (Sedes) – foi o órgão
responsável por beneficiar a Suzano com o direito de posse. Com isso, as
grandes aréas de matas nativas e chapadastornaram-se um imenso dominio da Suzano
que introduziu a floresta de eucaliptos. A partir dessa monocultura começou a modificação
do meio ambiente da região do Baixo Parnaíba e também as técnicas fundiárias
das comunidades tradicionais.
A alteração do meio ambiente foi apenas um dos problema trazido pela
Suzano, a substituição das tradicionais culturas pela floresta de eucalipto,
deixou claro a não preocupação dessa empresa com o social. O modelo de manejo
do eucalipto invisbilizou a agricultura tradicional e até mesmo a criação de
animais para a subssistencia dessa sociedade.
Vale
ressaltar, que passadas quatro décadas muitos são os conflitos registrados na
zona rural de Urbano Santos envolvendo as Associações e a Suzano. Os
agricultores precisam da terra para produzirem e a terra havia sido destinada
para fins de Reforma Agrária, os ex posseiros ainda hoje aguardam pelo titulo
da terra que a rigor, na prática não
lhes pertecem mais.
A CONSEQUENCIA DA MULTINACIONAL
Para
a empresa Suzano, não houve consquencias negativas, muito pelo contrários , depois
de décadas explorando a região do Baixo Parnaíba, tudo que colheu foram lucors.
Não se envolve nas lutaspela Reforma Agrária, nem sinaliza com a devolução das
terras aos ‘verdadeiros’ donos.
Atualmente,
a empresa não tem projetos de novas fábricas, já que esta em processo de
redução de custos. Sua capacidade de produção é de 4,7 milhões de toneladas de
papel e celulose. Recentemente obteve aprovação da Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio)[6]
para tocar um projeto que poderá aumentar sua produtividade em até 20%, com a
mesma área plantada.Para tanto sua controlada FuturaGene Brasil, dessenvolveu o
eucalito transgênico, com isso a Suzano será a primeira empresa global a usar
uma variedade de eucalipto transgênico em escala comercial[7].
[1]
IBGE
[2]CARVALHO,
Joaquim. ‘Eucalipto Maranhão’ é um site
desenvolvido para apresentarmos à comunidade a Fazenda Maranhão e associadas,
2011.
[3]
MEDEIROS, léa, Jornalista do Jornal da SIF.
[4]MOTTA,
Márcia. Posseiro. In: Dicionário da
Terra, Rio de Janeiro , Civilização Brasileira, 2005, p. 373.
[6]A
CTNBio é uma instância colegiada multidisciplinar, criada através da lei nº
11.105, de 24 de março de 2005, cuja finalidade é prestar apoio técnico
consultivo e assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e
implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa a OGM, bem como no
estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos referentes
à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para
atividades que envolvam a construção, experimentação, cultivo, manipulação,
transporte, comercialização, consumo, armazenamento, liberação e descarte de
OGM e derivados.
[7]
MARCELLE GUTIERREZ - O ESTADO DE S.PAULO, São Paulo –SP,10 Abril 2015.
Obrigada pela atenção
ResponderExcluir