As comunidades ribeirinhas de Barcarena
se preparam para um voo alto na busca pela reparação de seus direitos
violados pela multinacional Bunge, uma das maiores empresas de alimentos
do mundo. Além da ação civil pública que já tramita na 2ª Vara da
Fazenda da Capital - e cujo resultado foi uma liminar deferida pelo juiz
Elder Lisboa Ferreira da Costa em junho passado, determinando que a
Bunge e suas sócias Ammagy e Unitapajós retirassem do furo do Arroz suas
40 barcaças com soja -, as comunidades irão também pedir judicialmente o
cancelamento definitivo do licenciamento ambiental das três empresas em
Barcarena.
O advogado Ismael Moraes, defensor das comunidades, informa ao blog Ver-o-Fato
que a decisão do juiz Elder Lisboa está sendo cumprida pelas empresas.
"Dois dias depois da determinação do dr. Elder e assim que a Capitania
dos Portos negou publicamente que
tenha licenciado a permanência das barcaças no local, embora
ambientalmente
protegida quando autorizou o trânsito marítimo, conforme nota enviada
pela Marinha, elas sairam do local", explicou Moraes.
A situação dos ribeirinhos, prejudicados
pela Bunge, que chegou a despejar soja apodrecida de uma de suas
barcaças, empestiando o ar e provocando doenças e até a suspeita de duas
mortes entre moradores da comunidade da Fazendinha, foi tema de
matérias do jornal "Diário do Pará", assinadas pelo jornalista Carlos
Mendes, mas nem tudo foi publicado.
Numa atitude vergonhosa, o jornal
sonegou de seus leitores a informação mais importante sobre o caso: a
decisão do juiz Elder Lisboa para que a Bunge deixasse o local. O
antijornalismo do "Diário", que praticou autocensura - a pior das
censuras -, pressionado pela Bunge, só não privou os paraenses de
tomarem conhecimento da sentença do juiz porque o aguerrido jornal "O
Impacto", de Santarém, no oeste do Estado, publicou a decisão com amplo
destaque.
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