Rio
- Dentro de uma estratégia de desalavancagem financeira, a fabricante
brasileira de papel e celulose Suzano anunciou quarta-feira a compra de
100% das cotas do Fundo Vale Florestar, cujos ativos somam 45 mil
hectares de florestas de eucalipto no Pará. Com a aquisição, a Suzano —
que já tinha contrato assinado com o Vale Florestar até 2028 — adquire
não só a madeira plantada na região mas também contratos de
arrendamento, sem imobilizar recursos em terras. Em termos financeiros, a
principal vantagem da operação é a diluição num prazo maior de
pagamentos que seriam realizados num horizonte de tempo mais curto.
“Conseguimos a extensão do prazo médio de
aquisição desta madeira”, disse ontem o presidente da Suzano, Walter
Schalka, numa teleconferência com jornalistas, referindo-se à
matéria-prima produzida na área do Florestar. Na situação anterior, o
prazo médio de pagamento da madeira era de três anos. Com a aquisição do
fundo, a Suzano diluirá seus gastos num total médio de 12 anos. “Apesar
do alto endividamento da companhia, a mesma pagará o montante em
parcelas anuais num prazo entre dez e 15 anos, reduzindo o dispêndio de
capital no curto prazo”, avaliou a corretora XP Investimentos em
relatório matinal enviado quarta-feira a clientes.
Ainda sujeita à aprovação do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a operação prevê o pagamento
pela Suzano de R$ 528,9 milhões em parcelas anuais. As dez primeiras
terão valor similar, em torno de R$ 45 milhões. O restante dos
pagamentos terá valor decrescente. Além da Vale, também são cotistas do
fundo a BNDESPar e os fundos de pensão dos empregados da Caixa Econômica
Federal (Funcef) e da Petrobras (Petros). A Vale informou que vai
receber R$ 205 milhões como resultado da venda de sua participação no
fundo. Além dos 45 mil hectares de florestas de eucalipto, o acordo
inclui 95 mil hectares de mata nativa que estavam sob tutela da Vale e
deverão ser preservados pela Suzano.
A madeira produzida pelo Vale Florestar é essencial
para o abastecimento da fábrica da Suzano em Imperatriz (MA). Segundo
explicou Schalka, um terço da matéria-prima que alimentará a unidade
terá como origem florestas próprias e contratos de arrendamento. Outro
terço será constituído por madeira do Vale Florestar. O restante virá da
compra de madeira na região. “Temos como objetivo reduzir a distância
média das nossas florestas até as nossas operações industriais”,
ressaltou o presidente da Suzano, numa menção à possibilidade de novas
aquisições do tipo.Atualmente em fase inicial de produção, a unidade do Maranhão terá capacidade para fabricar 1,5 milhão de toneladas por ano quando estiver operando plenamente. A tendência é de que essa ampliação gere caixa suficiente para acelerar o processo de redução da alavancagem financeira da empresa. Entre as principais companhias brasileiras do setor de papel e celulose, a Suzano é a que possui a mais alta relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização): 4,6 vezes, conforme indicam os números referentes ao primeiro trimestre deste ano. A companhia fechou março com dívida líquida de R$ 9,36 bilhões, um aumento de R$ 2,57 bilhões em relação aos três primeiros meses de 2013.
Duas outras gigantes do setor, Klabin e Fibria apresentaram nos primeiros três meses deste ano resultados expressivos em termos de redução da alavancagem financeira. A relação dívida líquida/Ebitda da Klabin caiu de 2,6 vezes (no último trimestre de 2013) para 1,7 (primeiros três meses deste ano). No mesmo período, os resultados financeiros da Fibria mostram que esse indicador passou de 2,8 vezes para 2,4. “A busca por mais competitividade e pela redução no endividamento tem sido o foco da companhia e vai continuar a ser em 2014”, concluiu Schalka.
brasileconomico
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