Bons tempos aqueles em que a matriarca da família de Chiquinho, do quilombo de Bom Sucesso, município de Mata Roma, Baixo Parnaiba maranhense, para curar uma gripe, ordenava que todos bebessem mastruz puro ou com leite e depois se banhassem de manhã cedo no rio Preto.
Findado o banho, as crianças se enrolavam numa toalha e andavam até as suas casas, tremendo de frio. Sentir frio em Mata Roma ou qualquer lugar do Baixo Parnaiba maranhense enxugaria um pouco as duras penas a que o agricultor familiar se esfalfaria no trato com a terra.
Foto: Fórum Carajás
O uso do mastruz, assim como o sentir frio na beirada dos rios, dos córregos e dos brejos, nos baixões, e nas grotas e no alto das chapadas, depois de chover intensamente, aos poucos, abstrai-se, porque o médico receita paracetamol para qualquer dor que os moradores do quilombo Bom Sucesso sintam assim como os governos, os políticos e os empresários receitaram as monoculturas para os "males" do Cerrado maranhense e para alguns sentir frio atravanca o 'bem" trazido pelas forças do progresso. O quilombo de Bom Sucesso envelheceu como envelheceram as crianças educadas pela matriarca a custa de mastruz, bacuri e babaçu, mas para estas "crianças" nada ficou para trás e nada está sendo em vão.
Por: Mayron Régis(Fórum Carajás)
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