domingo, 2 de janeiro de 2022

Uma outra Alcântara

Outro dia se encorajara pra ir a Alcântara, município da região metropolitana de São Luis. Resistira o máximo que pôde. Achava completamente fora de propósito sair de sua casa, pegar um barco no centro histórico, atravessar a baia e desembarcar numa cidade cujo valor histórico residia em casarões desabitados e a mercê do tempo. Também não tinha com quem ir e mesmo se alguém o convidasse não iria. Sentir-se-ia sozinho em uma cidade com tantas historias a vista e outras tantas escondidas. Andaria feito um desajeitado pelas diversas ladeiras das quais as pessoas faziam questão de falar? Quanto temor se escondia nessa pergunta. De uma hora pra outra, a decisão de evitar conhecer Alcãntara mudou de conversa. A prosa mudou de rumo. É preciso obter conhecimento para que a prosa adquire cor e contorno. A maior parte da população morava fora do centro histórico de Alcântara: os quilombolas. Uma população que vivia a própria sorte e ao próprio sabor do tempo. Queria conhecer essas comunidades mais do que a cidade nitidamente portuguesa, a cidade regida pela historia tradicional. Queria conhecer a Tapuitapera, o nome anterior de Alcântara, dos tempos em que os indígenas cruzavam a baia de Cumã indo em direção as praias de Guimarães. Um dia, convidou um amigo para navegarem o litoral oeste em um barco a vela. O amigo respondeu “Vais sozinho. Não sabes o que é navegar em alto mar”.

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