quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A Historia é escrita e o voo da Japeçoca

A Historia é escrita pelos poderosos; mas mesmo nessa Historia pode se ler uma ponta de conhecimento das classes sociais mais baixas ou dos povos originários que foram exterminados ou que se miscigenaram. Num banhado do povoado Cedro, município de Arari, um japeçoca aterrissava o seu corpo diminuto sobre as águas. Eles pararam o carro para que um deles fotografasse a ave. As cores da ave condiziam com variações de preto e amarelo que num corpo tão franzino se destacavam. A região da comunidade quilombola de Cedro ficara mais conhecida pelos assassinatos de lideranças. Um conhecimento que o governo do esta;do do Maranhão gostaria que não saísse dos limites do povoado e no máximo não saísse dos limites do município de Arari. Melhor que ninguém saiba dos assassinatos ou se ficar sabendo melhor não ir lá. A frentista do posto de gasolina na entrada da cidade respondeu assim a pergunta de como chegar ao povoado Cedro: “Vocês vão por essa rua e vao se deparar com a igreja matriz. Atrás dela verão uma rua. Sigam por ela. Digo uma coisa; Cedro é longe”. Na estrada vicinal, a mesma pergunta foi feita a um jovem e ele respondeu dessaa forma: “Voces subirão umas cinco ladeiras. Ainda está longe”. No geral a corrida levou vinte minutos de carro. As instruções dos moradores pareciam mais uma forma de desestimular possíveis interessados em conhecer o povoado. A realidade do povoado não é fácil partindo principio que nada nesse mundo é fácil. Assassinatos de lideranças, mortes de animais dos agricultores, proibição de reforma e construção de casas e proibição de pesca nos banhados advindas dos proprietários da terra. Os quilombolas se viram como podem. Eles escrevem sua História assim como a Japeçoca, palavra de origem indígena, escreve seu voo colorido antes de pousar sobre as águas.

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