sábado, 1 de janeiro de 2022

A baixada maranhense, a produção de sentidos e a ferrovia

O encerramento das atividades do jornal O Estado do Maranhão deixou muitos dos seus leitores órfãos por não verem em nenhum outro jornal a capacidade de assumir o papel de porta voz da direita maranhense em toda a sua expressividade o que o jornal O Estado fazia tão bem. Não é preciso se assumir de direita para ser de direita. No caso de um veiculo de comunicação, é só observar as matérias veiculadas para se constatar qual o projeto politico defendido pelos donos do meio de comunicação. O jornalismo é um sistema produtivo de informações diário que implica a dizer que ele depende de um fluxo intenso de materiais produzidos tanto em termos físicos como em termos simbólicos para que possa produzir e reproduzir noticias sem hesitar. O que seria o sistema capitalista caso o jornalismo inexistisse? À produção de sentidos, função exercida pelo jornalismo, corresponde a produção de riquezas. Um vive a custa do outro. A produção de sentidos presente nas noticias veiculadas pelo O Estado propugnava a imagem de um Maranhão reconciliado com seu passado excludente e desigual o que foi generosamente obtido através das politicas publicas desenvolvidas pelos consecutivos governos de direita que o estado experimentou. Esse estado reconciliado consigo mesmo desapareceu com o encerramento das atividades do jornal O Estado? Com certeza que não, pois ainda pode ser visto em matérias veiculadas no Reporter Mirante sobre a Baixada Ocidental maranhense. O caso do pai e do filho que pescam nos campos naturais; o caso do senhor que pesca mussum; e o caso do dos donos de búfalo que por falta de pasto, devido a seca, que levam os animais para pastarem no município de Penalva. Esse mundo reconciliado do homem e a natureza na Baixada só existe enquanto produção de sentidos. O projeto de construção de uma ferrovia que ligará Açailandia a Alcantara cujo firme proposito será transportar os grãos produzidos na região oeste maranhense representa um perigo real para a sobrevivência de várias comunidades que vivem na Baixada e em outras regiões por onde passará a ferrovia. A produção de sentidos não corre perigo de extinção porque sempre haverá produtores culturais capazes de fazer renascer a ideia de um Maranhão reconciliado consigo mesmo e com a natureza.

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