domingo, 14 de dezembro de 2025

O aco esverdeado da AVB

Isso é certo. Escreve-se poucos textos que consagrem os frutos da flora nativa como seus interesses literários e estéticos. Não é só na literatura que se compreende essa lacuna. Deve se contar nos dedos as pinturas cujo objeto central seja os frutos típicos da natureza local. Vem à cabeça algumas pinturas de Tarsila do Amaral, mas as frutas são periféricas na composição do quadro. Por um acaso lendo o livro "A poeta da cidade maravilhosa" de Rafael Santos Se, um dos trechos se destaca: " O cardápio mistura especialidades locais como o consomme luteciano com iguarias exóticas para os paladares franceses como o doce de bacuri". Esse trecho se refere a uma homenagem prestada pela poetisa francesa Jane Catulle Mendes a escritora brasileira Júlia Lopes de Almeida em Paris em 1914. O texto que consta nesse trecho e de total autoria do Rafael. Presume se que a classificação "iguarias exóticas seja do autor". Se o bacuri e exótico para um autor atual imagine como deveria ser para franceses do final do século XIX e começo do século XX. A região mais rica em bacuri do Maranhão e do Brasil está sendo arrasada e um dos vetores desse arraso e a produção de carvão vegetal a partir da queima de vegetação nativa e de eucaliptos plantados onde havia vegetação nativa pela empresa Aço Verde Brasil, sucessora dos interesses da Suzano papel e celulose no baixo Parnaíba maranhense. Todo santo dia caminhões da AVB cruzam as estradas maranhenses transportando matéria prima para sua fábrica em Açailândia. E um negócio de grandes proporções e grandes impactos. Aço Verde e uma contradição. Não há produção de aco sustentável..se fosse sustentável justificaria o verde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário