quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Beber o morto

De preferência, e melhor contar ou criar uma história? Desde sempre o homem Narra histórias com as quais possa lidar com o mundo que o cerca e possa lidar com o grupo social onde se inseriu. Em determinado momento, o homem compreendeu que somente a narrativa não e suficiente. Aí entra o papel da criação ou onde entra o papel do homem na criação. Afinal o homem e um mero narrador da criação de Deus ou seu papel e bem maior? Essa é uma questão que irá perpassar toda a existência humana. A narrativa é essencial porque sem ela não haveria origem percurso e chegada. Só que uma hora a narrativa cansa. E sempre a mesma história contada do mesmo jeito. O processo da criação vem justamente no sentido de superar velhas formas de narrar. Superar, matar, enterrar o morto e beber o morto como se faz em velórios. Chega uma hora que a forma de narrar deu o que tinha que dar. Qual será o corajoso que escancara isso? Dom Quixote escrito por Cervantes entre o século XVI e o século XVII escancarou. As velhas formas morreram ou estavam prestes a morrer. Elas se referiam aos romances de cavalaria e a maneiras de comportar de agir e de ver idealisticamente. Dom Quixote quer brincar com o gênero do romance das cavalarias uma forma de homenagem que pode ser transporto para beber o morto que e uma homenagem profana a alguém que acabou de partir. A literatura compreende milhares de mortos e milhares de homenagens a eles. Em um recente texto dedicado a Sérgio Buarque de Holanda, uma amiga brincou "Vais levar um cofo de bacuris para Sérgio Buarque?". O tom de deboche se explicitava mas era um deboche respeitoso. Não se entregou o cofo de bacuris e nem tinha como se entregar. No próximo suco de bacuri, mencionar se a o nome de Sérgio Buarque e suas obras e quem fez o deboche.

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