O Raimundo, presidente da associação
de Jucaral, município de Urbano Santos, responsabilizara-se pela organização de
uma audiência publica em seu povoado. Não seria pouca coisa para quem acabara
de assumir a presidência da associação. O povoado de Jucaral, assim como outros
de Urbano Santos, submeteu-se aos ditames das empresas de reflorestamento com
eucalipto. Caso houvesse alguém descontente com essa submissão a quem se
queixar? Quase certo não haver esse alguém. Só para ter uma idéia, referendaram-se
as grilagens cometidas pela Suzano Papel e Celulose e pela Margusa ao longo de
décadas pela simples possibilidade que, um dia, criar-se-ia milhares de
empregos em um projeto de fábrica de celulose, em um projeto de ferro gusa ou
em um projeto de fábrica de pellets. A experiência de sucesso de
reflorestamento com eucalipto em Urbano Santos se irradiaria por outros municípios
do Baixo Parnaiba, do Maranhão e quem sabe de outros estados do Brasil. A ambição
de extrapolar o universo de Urbano Santos com seus plantios de eucalipto moveu
a Suzano papel e Celulose para outras dimensões do Maranhão. Para se mover
fisicamente, consulta-se o mapa de relevo, mas no Maranhão as dimensões são
tantas que é necessário consultar diversos mapas, mapas já feitos ou ainda por
fazer: o mapa das comunidades quilombolas o mapa dos indígenas, o mapa das
unidades de conservação e por ai vai. Não, por ai vai não é um mapa de algum
lugar no Maranhão. Poderia ser. O mapa dos lugares sumariamente relegados ao
abandono e ao esquecimento por parte do poder público e do setor privado. A
Suzano Papel e Celulose desmatou e plantou eucalipto em mais de dez mil
hectares nas Chapadas entre os povoados
de Juçaral, Bebedouro, Santa Rosa dos Garretos, Marçal dos Onça, Surrão, Pedra
Grande e Cajazeiras entre os anos de 2010 e 2012. Os moradores desses povoados
não conseguiram dimensionar e nem nomear os impactos desses desmatamentos. A única coisa que eles queriam: alguém para
denunciar, afinal receavam represálias da parte da empresa. Aos poucos essas
comunidades se subtraem desse não dimensionamento e dessa não nomeação. A dimensão
do não é comigo, do não sei e do não posso onde foram largados pelas empresas de
eucalipto anos atrás. A comunidade de Juçaral quer reocupar a dimensão das
Chapadas e para isso entrou com pedido de regularização fundiária no Iterma. A audiência
era para tratar desse assunto e da derrubada do bacuri verde.
mayron regis
Nenhum comentário:
Postar um comentário