O capitalismo abusa das
situações no campo. A expropriação de terras rurais sempre foi um problema
muito sério enfrentado por povos e comunidades tradicionais no Brasil. O
capital no campo tendem otimizar seus lucros passando por cima da cultura
camponesa e das comunidades tradicionais, incrementando os investimentos em
grandes empresas neoliberalistas que procuram desenvolver estratégias de
negócios principalmente nos setores do agronegócio florestal e na aquisição e
arrendamento das terras rurais. Essas estratégias são antigas, as espoliações
das terras e dos camponeses puxadas pela burguesia do campo em larga escala
gera desigualdades sociais, o produtivíssimo insano de agrotóxicos e a
pistolagem.
Esses sistemas e
processos se dão pela reprodução e aprimoramento baseado na história das
práticas da burguesia mercantil e mais tarde financeira de pilhar os recursos
naturais do território rural nacional, em degradá-los e poluí-los, e de
promover, pela pressão da grilagem e ou da aquisição das terras dos nossos
povos do campo. O esvaziamento das massas camponesas passa a ser tratada como
algo natural e orgânica atendendo portanto agora os interesses de classe pelos
setores dominantes. O agronegócio que representa uma verdadeira ameaça aos
povos tradicionais, tem se desenvolvido com métodos macabros, assim reproduzido
e obtendo resultados financeiros que lhe são altamente favoráveis apesar da
escolha pela oferta e comercialização de produtos para exportação em detrimento
dos produtos de consumo alimentar e da absoluta indiferença com a dominação
exercida pelas empresas capitalistas nacionais e transnacionais no agrário
brasileiro.
Essa concentração de
renda e riqueza pelas empresas capitalistas e pelos grupos de latifundiários no
campo vem se concretizando desde tempos bem remotos – como outrora, no período
colonial desde a época dos coronéis escravocratas; hoje esse sistema de
acumulação de poder é representado por políticos de direita e conservadores das
bancadas ruralistas do Congresso Nacional e das assembleias estaduais. Seus
negócios caminham “pari passu” com os negócios dos governos que se
aproveitam da situação de indiferença no país. E esta escolha de favorecimento
político dos governos aos grandes negócios agropecuários e florestais privados
nacionais e estrangeiros compromete com uma série de desacatos aos direitos
humanos como o problema secular da pistolagem, ameaça às praticas e técnicas da
soberania alimentar e sobretudo contribui ao mesmo tempo para a acumulação via
espoliação dos recursos naturais e vegetais e comunidades camponesas, além da
exploração dos trabalhadores do país em situações análogas a trabalho escravo.
As relações antagônicas entre as comunidades camponesas e as empresas,
latifundiários e investidores “empresários do agronegócio” - são algo
simultaneamente contraditórios, pois o capital no campo tem um projeto
alanvacador de rendas, já os camponeses, ribeirinhos, quilombolas e
extrativistas precisam da terra e das águas de seus territórios para se
procriarem e se reproduzirem social e culturalmente - pois consideram então, esses espaços
sagrados como centros de suas racionalidades nas resistências e na manutenção do
trabalho familiar.
Tudo leva a crer que o
modelo extrapolado de produção tecnológica do capitalismo no campo, seja a
única via que permitiria a geração de elevada renda e lucro compatíveis com o
uso burguês e o esbulho dos recursos naturais, vegetais e minerais e, em
especial, das terras agricultáveis no país que de direito pertence aos
camponeses.
Não é concebível nesse modelo dominante qualquer
relação com a natureza e com os trabalhadores que não se baseie na acumulação
via espoliação dos recursos e a subalternização dos camponeses aos seus interesses
de classe.
José Antonio Basto
E-mail: bastosandero65@gmail.com
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