Contar ou escrever uma historia,
qualquer que seja, requer o momento propicio. Não dá para vaticinar o que é o
momento propicio. Só se sabe depois de algumas horas. Se aquele era o tal
momento propicio e a pessoa preferiu conversar sobre algum outro assunto, que
não aquele que o momento pedia, tão cedo ele não se repetirá. É bem provável que
tenha sido a carne de bode. Ou talvez o arroz. Eles se sentaram no final da
tarde num restaurante próximo ao posto Pingão. Antônio Anisio falara de um
mocotó e que seria uma boa experimenta-lo. Propusera havia algum tempo. Nesse
dia, em vez de mocotó, eles pediram uma carne de bode. A dona do restaurante
perguntou se queriam arroz como acompanhamento. Sim. A conversa se deslocou
entre os hábitos alimentares do cidadão comum que prefere uma carne de gado a
uma carne de bode ou de carneiro e leituras de livros. Por conta do arroz, Antonio
Anisio trouxe a luz uma curta historia de um agricultor familiar de Cajari que
vendeu arroz para os “gaúchos”. Os “gaúchos” compraram terras nesse município e
plantaram arroz em grandes extensões. Ele se orgulhava de vender arroz para os
agricultores de fora. Antonio explicou ao agricultor que o arroz dos “gaúchos”
vinha carregado de produtos químicos e que, para não comerem arroz contaminado,
compravam seu arroz orgânico. Em termos de escala produtiva, o arroz orgânico
do agricultor de Cajari fica a léguas do arroz contaminado dos “gaúchos”, mas
em termos de meio ambiente o arroz orgânico ganha com uma enorme diferença.
Essa é uma curta (curta-metragem) história sobre uma experiência agroecológica não
divulgada em um município diminuto do estado do Maranhão. Antonio recorreu a
uma outra curta história para que a relação gado e agroecologia seja mais do
que criticas. Santa Luzia do Paruá, pré-amazonia maranhense. Aonde comprar um
bom queijo, ele indagava. Vá a casa do senhor João Teixeira. Este se assustou
ao ver Antonio de cabelo e barba grandes. Quem és tu e o que queres? Eu me
interessei pelo seu queijo e vim comprar cinco quilos. Conversa vai. Conversa
vem. Suco de Graviola. Uma amostra de queijo. Antonio conta que trabalhou na
Associação Agroecologica Tijupá durante anos. Deus do céu, eu fui da turma de Marluze Pastor(
agrônoma da Tijupá) e do seu João Fonseca (agricultor familiar de Balsas).
Mande minhas recomendações aos dois. Desculpe seu João Teixeira, mas o João
Fonseca morreu há um bom tempo. Antonio, me agradei de ti, venha vou te mostrar
algumas coisas. Levou-o para sua propriedade onde criava um gado que lhe
fornecia o leite do qual fabricava o queijo.
Mayron Régis
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