Reunião na reserva extrativista no Maranhão define áreas de recuperação dos estoques desta espécie de peixe para garantir a sustentabilidade da pesca na região
Brasília (26/12/2016) – A Reserva Extrativista (Resex) de Cururupu, no Maranhão, acaba de realizar reunião do projeto Pesca para Sempre, na comunidade de Guajerutiua, no município de Cururupu (MA). O projeto integra o programa global da ONG norte-americana Rare, que incentiva práticas sustentáveis, e tem a parceria da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Costeiros e Marinhos (Confrem) e universidades federais e estaduais da região, entre outros.
Durante o encontro, foram elaboradas propostas de manejo da pescada amarela (Cynoscion acoupa), peixe muito comercializado na região. Para isso, foram consideradas informações importantes a partir de conhecimentos tradicionais dos pescadores de malhão, como a localização dos poços de desova com maior ocorrência da espécie, período reprodutivo e a importância pesqueira desses poços nos diferentes meses do ano.
Com base nessas informações e com auxílio do mapa comunitário, foi definida uma proposta de manejo preliminar que sugere a interdição de poços ao longo do ano em um sistema de rodízio, visando conciliar a conservação da espécie com a atividade pesqueira na região. “A adoção de áreas de recuperação para os estoques pesqueiros é uma importante estratégia para garantir a sustentabilidade das principais espécies exploradas economicamente na costa brasileira”, disse Enrico Marone, gerente de programas da Rare Brasil.
Trabalho socioambiental
A analista ambiental Laura Reis, da Resex Cururupu, disse que a eficácia desse processo de gestão participativa na construção de propostas de manejo da pescada amarela com embasamento científico deve-se ao trabalho socioambiental que vem sendo realizado ao longo do programa Pesca para Sempre. “Sem o engajamento da comunidade nada disso seria possível”, afirmou ela.
O objetivo do programa Pesca para Sempre é proporcionar a adoção de melhores práticas de manejo pesqueiro por meio de metodologia conhecida como Campanha por Orgulho, promovendo mobilização na comunidade e apoio ao processo de capacitação dos extrativistas. O programa busca trabalhar de forma intensiva com as comunidades locais, por meio de pesquisas biológicas e sociais, levantamentos de informações em um processo de construção coletiva com atores e governanças locais. A ideia é definir regras apropriadas e adaptadas à gestão da pesca e assegurando sua sustentabilidade a longo prazo.
Durante a reunião, a coordenadora local do projeto, Josenilde Ferreira, mais conhecida como Mocinha, que também é moradora da Resex, apresentou as fases da campanha, o modelo conceitual, a teoria da mudança, mapeamento pesqueiro, cadeia de resultados e a importância da participação da comunidade nas entrevistas, no preenchimento dos diários de bordo e na pesca experimental.
Em seguida, Ricardo Guimarães, pesquisador da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), instituição parceira do projeto no monitoramento da espécie-alvo, destacou os resultados preliminares referentes aos principais parâmetros de biologia reprodutiva da pescada amarela, como o tamanho da primeira maturação, fecundidade e período da desova e sua importância econômica e ambiental para a região. “Os resultados dessas pesquisas são preponderantes para fortalecer coletivamente a tomada de decisões, visando à construção de um novo olhar para o uso e conservação da espécie”, disse ele.
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT), do ICMBio, também esteve presente na reunião, representado por Clarice Fonseca, a supervisora do projeto.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280
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