POR TÂNIA MARTINS
Jornalista
Instalada no município de União, a 40Km de Teresina, a Comvap, usina de cana de açúcar e etanol do Grupo pernambucano Olho D´Água, é livre no Piauí para agredir o meio ambiente,desmatando e poluindo o Rio Parnaíba, contaminando trabalhadores com agrotóxicos, assim como centenas de famílias que moram no entorno da usina.
Na tentativa de minimizar as agressões,uma ação encabeçada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de União, vai tentar limitar a expansão da monocultura no município. Trata-se de um projeto de lei de iniciativa popular, com mais quatro mil assinaturas, que será apresentada na Câmara de Vereadores, através do vereador José Wilson.
O projeto deveria ser apresentado nesta quinta-feira dia 20/10, mas, sem nenhuma explicação a Câmara Municipal de União não abriu as portas. O vereador José Wilson sabe da ligação de seus colegas de parlamento com a Comvap.
Na tentativa de minimizar as agressões,uma ação encabeçada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de União, vai tentar limitar a expansão da monocultura no município. Trata-se de um projeto de lei de iniciativa popular, com mais quatro mil assinaturas, que será apresentada na Câmara de Vereadores, através do vereador José Wilson.
O projeto deveria ser apresentado nesta quinta-feira dia 20/10, mas, sem nenhuma explicação a Câmara Municipal de União não abriu as portas. O vereador José Wilson sabe da ligação de seus colegas de parlamento com a Comvap.
Centenas de trabalhadores da agricultura familiar estavam preparados para pressionar os vereadores a fim de aprovarem a lei. Está é a segunda tentativa de aprovar a lei que ano passado foi rejeitada pelos parlamentares.
Reforçando o time contra os desmandos da Comvap, a Rede Ambiental Piauí-REAPI e o Fórum Estadual de Combate aos Agrotóxicos, estão representando o Ministério Público Estadual e Federal bem como a Procuradoria do Trabalho, a fim de promoverem uma investigação na empresa.
Reforçando o time contra os desmandos da Comvap, a Rede Ambiental Piauí-REAPI e o Fórum Estadual de Combate aos Agrotóxicos, estão representando o Ministério Público Estadual e Federal bem como a Procuradoria do Trabalho, a fim de promoverem uma investigação na empresa.
As irregularidades relacionadas ao meio ambiente e ao homem são visíveis na Comvap, a começar pelos canais com rejeitos utilizados para irrigar a cana e que fatalmente correm para o Rio Parnaíba, contaminando com substâncias diversas suas águas. Lagoas, riachos e nascentes que outrora embelezavam a região, alimentavam o rio e faziam a alegria das crianças, foram aterradas e são hoje imensos plantios de cana. Também está sendo destruído o bioma Mata Atlântica, presente em 90% do território de União.
As Reservas Legais, assim como as Áreas de Proteção Permanentes-APPS, estão queimadas, destruídas e sem fauna. Atualmente, quando os incêndios se propagam na região, todas essas áreas estão sendo destruída e mesmo sabendo do fogo, a empresa que tem equipes de brigadistas, não apaga, não interessa preservar essas áreas que ficam nas encostas de morros e serras.
Em relação ao uso abusivo de agrotóxicos é talvez o mais grave dos crimes que ocorre ali. No campo foi possível observar homens manipulando o Glifosato 34D um dos venenos mais nocivos ao ser humano, sem muita proteção, como o registro de um operário sem a luva próxima ao tambor com o produto que no momento estava sendo distribuído para a equipe em campo pulverizando a cana. Naquele momento soubemos que dois dos homens do grupo não estavam aptos, por questões de saúde, a exercer a tarefa e mesmo assim, ali estavam.
Acuados, na presença do fiscal, todos falaram que se protegem, usam máscaras, botas luvas e roupas adequadas e que gostam do que fazem porque são bem renumerados. Os fiscais, esses por sua vez, são tratados pelos cortadores de cana como senhores poderosos, por terem liberdade de recrutar quem lhes convier para trabalhar no corte, porém, tem um preço. Quem consegueuma vaga sãoobrigados a dar propina ao fiscal, pelo emprego conseguido, quem não concorda termina sendo demitido, mas não antes de passar por humilhações no canavial.
Os vizinhos da Comvap
Por teima, birra, sentimento de apropriação, paixão pelo lugar que nasceu ou por questão financeira, levou centenas de família a não saírem de suas terras no caminho da Comvap e pela atitude pagam um preço alto, muitos talvez não tenha consciência mais pagam com a própria vida já que inalar o veneno virou rotina no dia a dia de suas vidas.
São muitos os povoados em volta da cana, três assentamentos e pequenos sítios e a forma como entram em contato com o veneno ocorre por terra e pelo ar, além do contato com o produto na pele e pelas narinas também ingestam nos alimentos que plantam para a sobrevivência, como é o caso do agricultor familiar Antônio Salustiano, 64 anos, que mora com a família em Aroeira. A pequena gleba foi herança de Maria Custódia, 66 anos, sua esposa que nasceu ali, assim como seus pais. A situação da família é degradante, além de sofrerem com aplicação dos venenos sob suas cabeças e pés, ainda se alimentam com eles através do que plantam, feijão, mandioca, milho, legumes pulverizados por tabelas ou por estarem na rota da cana.
Como se já não bastasse, o agricultor vive a receber pressão para ir embora. A última, segundo ele, lhe ofereceram um terreno na zona urbana do município de Boa Hora. Dona Custódia, porém, não aceita, pois não tem a casa, “nós vamos morar onde se não temos dinheiro para construir uma casa”, pergunta e responde, “no chão limpo e seco se depender deles”. Em resposta a recusa, um trator foi enviado para arar a roça dos agricultores a fim de acabar com o único sustento da família.
Não muito longe dali, na localidade Divinópolis, na casa da adolescente Domingas, 14 anos, cercada por canavial, vivem ela e seis crianças, seus irmãos, a mãe trabalham na capital e só retorna nos fins de semana. Faz parte da rotina da família, a convivência com a pulverização de agrotóxico quer seja por terra ou aérea, apenas uma estreita rua separa o plantio de cana da casa da família, onde é comum acontecer à pulverização quando as crianças estão brincando no terreiro. “Às vezes a gente sente os olhos arderem mais depois passa, é assim mesmo, é o único jeito de viver aqui”, comenta.
Projeto de Lei para barra expansão da cana
Uma ação encabeçada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de União vai tentar limitar a expansão da monocultura no município, trata-se de um projeto de lei de iniciativa popular, com mais quatro mil assinaturas que será apresentada na Câmara de Vereadores.
Desde que se instalaram em União, no início dos anos 2000, não param de expandir com a cana seja comprando ou arrendando terras na região, tanto é que já estão no município de José de Freitas, Timon e outras regiões do Maranhão, comenta o Secretário Agrário e de Meio Ambiente do Sindicato, Luiz Gonzaga da Costa Rocha, o Gonçalinho.
Antônio Saraiva, Diretor de Assalariados do Sindicato, conhece profundamente os problemas do campo relacionados ao uso de venenos, porque já foi vítima da Comvap quando trabalhava na pulverização. Segundo ele, manipular agrotóxico mata silenciosamente. “Quando chegam aqui com a pele rachada ou com inchaço no corpo ou mesmo já diagnosticado com câncer, já sabemos que foi a exposição aos agrotóxicos”, diz e afirma que são muitos os cortadores contaminados.
Os contaminados indiretamente
A adolescente Dominga, 14 anos, mora em Divinópolis, uma pequena comunidade cercada pelo canavial, com mais seis crianças, seus irmãos. Ela cuida deles enquanto a mãe trabalha. Faz parte da rotina da família, a convivência com a pulverização de agrotóxico via aérea e também por terra, já que apenas uma estreita via pública separa o plantio de cana da sua casa. “Essa é a condição que se tem para viver”, diz. Assim como ela, outras famílias que moram na comunidade vivem o mesmo dilema.
Outro exemplo é do seu Antônio Salustino, 64 anos,que mora com a família em Aroeira, há poucos quilômetros de Divinópolis. Dona Maria Custódia, 66 anos, sua esposa nasceu ali, assim como seus pais. A situação da família é degradante, além de sofrerem com aplicação dos venenos sob suas cabeças e pés, ainda se alimentam com eles, já que a roça de feijão, mandioca, milho, legumes dos quais sobrevive à família, também são contaminadas.
Como se não bastasse, a família recebe pressão direta para deixar a terra. A última, segundo o agricultor a empresa ofereceu um terreno na zona urbana do Município de Boa Hora. Dona Custódia disse indignada que nem a casa eles constrói, “nós vamos morar onde se não temos dinheiro para construir uma casa”, pergunta e responde, “no chão limpo e seco se depender deles” diz. Em resposta a recusa, um trator foi enviado para arar a roça dos agricultores a fim de acabar com o único sustento da família.
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