Qual a sua relação com a água? O rio Preguiças aqui era uma lagoa bem funda que batia no peito da pessoa. Hoje, bate nas coxas, contou Zé Domingão, liderança da comunidade Cabeceira da Tabatinga, municipio de Santa Quitéria. No verão de 2016, a Chapada queimou em diversos pontos. Os bacurizeiros, os pequizeiros e outras espécies do Cerrado serviam de prova para os danos causados pelo fogo. Em outros pontos, gente de fora ou gente da própria comunidade queimou a Chapada para fazer o capim nascer e assim o gado se alimentar. O desmatamento das Chapadas para o plantio de soja elimina os incêndios criminosos e naturais, afinal não há o que queimar mesmo, o que agrada setores da opinião pública, principalmente, aqueles ligados ao agronegócio. A preferência dos interesses público e privado é por cenários descampados que não deem motivos para angústias e nem motivos para reflexões como as do Zé Domingão que traça a Chapada do seu povoado, uma Chapada com pouca Mangaba, com um tanto de Bacuri e com outro tanto de Pequi. Uma Chapada que é uma coisa só: a do seu povoado, a do povoado Capão, do povoado Tabatinga e a do povoado Pau Serrado. Os irmãos do Zé Domingão se comprometeram com um pedaço da Chapada de São José, municipio de Anapurus, que tinge o ambiente de amarelo na epoca da safra de mangaba. Zé Domingão fez muitas vezes o caminho da Cabeceira da Tabatinga a São José para rever os seus irmãos. "Para quem vai da Cabeceira, em vez de seguir direto acelerando no areal, o negócio é seguir os plantios da Suzano que vai bater sem nenhum problema em São José." Sim, a Suzano Papel e Celulose responde pela maior parte da Chapada de São José desde quando desmatou o Cerrado e plantou eucalipto.
Mayron Régis
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