segunda-feira, 25 de julho de 2016

Os eucaliptais, o bacurizeiro solitário e as comunidades rurais




A estrada ligava as comunidades Santana e Baixa do Cocal II, os campos infinitos dos eucaliptos da Suzano passavam sobre a ótica. Ali estava um bacurizeiro solitário, lutando para florar, mas não conseguia, ele estava morrendo porque o EIA-RIMA da empresa nunca foi botado em prática, as reservas ecológicas não funcionam, até porque não existe tais reservas, apenas fachadas de uma política que não dá certo. Certa vez alguém definia os eucaliptos dessas áreas de “monstros verdes” – predadores dos recursos naturais e da biodiversidade; atacam com força os lençóis freáticos, a fauna e a flora... atingindo diretamente as populações tradicionais, um caso a pensar. Os bacurizeiros que ficaram dentro dos eucaliptos, seu infeliz destino é a morte –, uma espécie que está desaparecendo totalmente. O bacurizeiro é uma árvore especial, as chapadas do Baixo Parnaíba que foram invadidas pelo agronegócio ainda são as mães de muitos pés do fruto amarelinho que sobreviveram. Algumas pesquisas afirmam que num passado distante, o bacurizeiro era utilizado como fornecedor de madeira resistente para a construção de embarcações e casas. Hoje, o fruto agridoce serve para a produção de doces, sorvetes, sucos, geleias e licores, sendo um elemento gerador de renda para as comunidades agroextrativistas. Frondosa, a árvore, ao crescer naturalmente, pode atingir até mais de 30 metros de altura, com tronco de 2 metros de diâmetro, e levar até mais de dez anos para frutificar, a cultura da extração do bacuri é adaptada à agricultura familiar. Por meio de técnicas de enxertia e manejo sustentável adequado, a fruteira tem o tamanho reduzido e condições de iniciar a produção com 4 a 5 anos de idade, tornando-se mais viável como opção de complemento para os produtores rurais. As grandes plantações de eucalipto e soja no Território do Baixo Parnaíba, tem sido um grave problema para extinção dos bacurizais e muitas outras espécies importantes do cerrado. Até o trajeto final da Comunidade Baixa do Cocal II, ainda se avistava por cima dos morros as plantações novas de eucalipto próximas ao rio. São muitas famílias de posseiros que vivem em situações de pobreza e miséria na região, pois suas terras foram vendidas e griladas; essas famílias foram acostumadas desde antigas gerações a tirar da natureza seus sustentos, com as transformações e a expansão do agronegócio, acabou a caça, o peixe do rio e os frutos do cerrado.  Precisa-se entender mais como se deu esse processo de aquisição das terras pelo agronegócio, as reviravoltas da luta pela Reforma Agrária, as mudanças do ambiente e do clima nas chapadas, a economia e organização social das comunidades que nunca aceitaram isso desde séculos bem remotos. Abaixo o impacto ambiental! ESPERANÇA DE NOVOS TEMPOS!

José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com

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