A estrada ligava as comunidades Santana e Baixa do Cocal II,
os campos infinitos dos eucaliptos da Suzano passavam sobre a ótica. Ali estava
um bacurizeiro solitário, lutando para florar, mas não conseguia, ele estava
morrendo porque o EIA-RIMA da empresa nunca foi botado em prática, as reservas
ecológicas não funcionam, até porque não existe tais reservas, apenas fachadas
de uma política que não dá certo. Certa vez alguém definia os eucaliptos dessas
áreas de “monstros verdes” – predadores dos recursos naturais e da
biodiversidade; atacam com força os lençóis freáticos, a fauna e a flora...
atingindo diretamente as populações tradicionais, um caso a pensar. Os
bacurizeiros que ficaram dentro dos eucaliptos, seu infeliz destino é a morte
–, uma espécie que está desaparecendo totalmente. O bacurizeiro é uma árvore
especial, as chapadas do Baixo Parnaíba que foram invadidas pelo agronegócio
ainda são as mães de muitos pés do fruto amarelinho que sobreviveram. Algumas
pesquisas afirmam que num passado distante, o bacurizeiro era utilizado como
fornecedor de madeira resistente para a construção de embarcações e casas. Hoje,
o fruto agridoce serve para a produção de doces, sorvetes, sucos, geleias e
licores, sendo um elemento gerador de renda para as comunidades
agroextrativistas. Frondosa, a árvore, ao crescer naturalmente, pode atingir
até mais de 30 metros de altura, com tronco de 2 metros de diâmetro, e levar
até mais de dez anos para frutificar, a cultura da extração do bacuri é
adaptada à agricultura familiar. Por meio de técnicas de enxertia e manejo
sustentável adequado, a fruteira tem o tamanho reduzido e condições de iniciar
a produção com 4 a 5 anos de idade, tornando-se mais viável como opção de
complemento para os produtores rurais. As grandes plantações de eucalipto e soja
no Território do Baixo Parnaíba, tem sido um grave problema para extinção dos
bacurizais e muitas outras espécies importantes do cerrado. Até o trajeto final
da Comunidade Baixa do Cocal II, ainda se avistava por cima dos morros as
plantações novas de eucalipto próximas ao rio. São muitas famílias de posseiros
que vivem em situações de pobreza e miséria na região, pois suas terras foram
vendidas e griladas; essas famílias foram acostumadas desde antigas gerações a
tirar da natureza seus sustentos, com as transformações e a expansão do
agronegócio, acabou a caça, o peixe do rio e os frutos do cerrado. Precisa-se entender mais como se deu esse
processo de aquisição das terras pelo agronegócio, as reviravoltas da luta pela
Reforma Agrária, as mudanças do ambiente e do clima nas chapadas, a economia e
organização social das comunidades que nunca aceitaram isso desde séculos bem
remotos. Abaixo o impacto ambiental! ESPERANÇA
DE NOVOS TEMPOS!
José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com
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