A
região do Território do Baixo Parnaíba maranhense remonta uma história baseada
na ocupação da terra, desde a saga dos índios Tremembés no período colonial que
habitaram Tutóia e Araioses à fuga dos retirantes de Pernambuco, Ceará e Piauí vindos
das áreas de seca no inicio do século XX. As comunidades tradicionais
desenvolveram técnicas culturais na caça, pesca, extrativismo e agricultura,
para isso, até hoje necessitam do cerrado para garantir seus sustentos. Uma
dessas comunidades é a SANTA FILOMENA, localizada numa área de transição entre
os municípios de Urbano Santos, Santa Quitéria e Barreirinhas. É cortada pelo
“Rio Barra”, afluente do Rio Preguiças – é no rio onde esses moradores pescam,
banham, lavam e tiram água para beber. SANTA FILOMENA é rica em terra roxo e
resistente, muitas chapadas, bacurizais e diversas outras espécies de frutos e
árvores em perigo de extinção; animais silvestres em abundância. A Associação
de Moradores também enfrenta antigas questões de conflitos fundiários com
relação a limites e demarcações. Um processo que tramita no INCRA desde 2007,
de mais de 6.000 hectares de terra – onde naquele período a Empresa Suzano
comprava 3.000 hectares da proprietária local; mesmo momento em que foi dado
entrada nos processos fundiários das comunidades Boa União, Pacova e Mangueira
II. Com o intuito de desapropriação da terra para fins de Reforma Agrária, as
associações ainda esperam repostas do INCRA. Dentro da área toda, chega em
torno de 150 famílias de trabalhadores rurais, só na Santa Filomena são mais de
30 famílias; elas criam aves e outros pequenos animais, mas sua maior renda é a
produção de farinha de mandioca e seus derivados. Santa Filomena, como a
maioria das comunidades é ameaçada pelo eucalipto, os campos estão próximos às
estremas e limites dos povoados de Santa Quitéria como Pau Serrado e Sicurujú,
estes impactados diretamente pelo agronegócio. Os camponeses precisam da
concretização do processo de desapropriação, garantindo a aquisição e posse da
terra, preservação do meio ambiente e demarcação da reserva ecológica para
alimentação e reprodução cultural. Precisa-se reconhecer a importância da
história destas comunidades, valorizando suas culturais e modos de vida. Muitas
delas estão no mapa de conflitos da Diocese, elas vivem ameaçadas por grileiros
e grupos empresariais, fruto do grave problema da expansão da monocultura,
política essa que não representa nenhum desenvolvimento para a agricultura
familiar, deixando apenas um legado de destruição, atraso e devastação da
biodiversidade, ameaçando a vida destas comunidades rurais.
José
Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário