segunda-feira, 11 de abril de 2016

As chapadas do Baixo Parnaíba vendidas como forma de commodities





 

No feriado da Semana Santa aproveitei para visitar alguns velhos amigos das comunidades Todos os Santos e Juçaral – município de Urbano Santos, no Baixo Parnaíba, uma vez que passaria a sexta-feira santa e o sábado de aleluia no Povoado Cajazeiras na casa de Tia Neném, membra da importante “Associação das Parteiras Tradicionais das Comunidades Rurais de Urbano Santos”. Num cafezinho rápido com uma liderança moradora de Todos os Santos, perguntava a ela sobre a situação das chapadas com relação ao avanço do eucalipto, a mesma me respondia que as chapadas donde tiram seus sustentos como bacuri e pequi estão sendo vendidas como se fossem mera mercadoria sem valor algum, pois é tratada como mercadoria de lucros capitalistas. Pensou-se então que nesse sentido a palavra “commodities” – é o mesmo que “mercadoria”, nomenclaturas com as mesmas origens entrelaçadas apenas de língua pra língua. Commodities “São produtos sem os quais as pessoas que moram em um território não vivem ou não são beneficiados com tais monoculturas e que são negociadas diariamente numa escala global, seus preços são determinados pelo mercado internacional e varia de acordo com a demanda”. Nesse ponto de vista, falemos então do eucalipto que arrasa e destrói imensas áreas de chapadas no Baixo Parnaíba impactando diretamente diversas comunidades tradicionais. Esse território rural produz um número muito alto de madeira de eucalipto, onde a Suzano Papel e Celulose e suas terceirizadas sugam os bens naturais da região como terra e água. Um artigo de Mayron Regis publicado em 2010 no “Portal Eco Debate” – intitulado ”O embalo da Suzano: veneno nas Chapadas de Anapurus, Baixo Parnaíba Maranhense”, esclarece que “As áreas, que a Suzano pretende desmatar ou já desmata no Baixo Parnaíba maranhense, cerca de 40 mil hectares em Urbano Santos, Anapurus e Santa Quitéria, foram sacramentadas no mês de maio de 2009 pela então secretária de meio ambiente, Telma Travincas numa só canetada. Só mesmo a Suzano, a secretaria de meio ambiente do Maranhão e o Fórum em Defesa do Baixo Paraíba sabem que essas licenças existem”, diz o fragmento do texto naquela época. O que mudou de lá até hoje? Voltemos então para os dias atuais, quem avançou em seus trabalhos e metas? O movimento social em nome da luta dessas comunidades? Ou a Suzano e os gaúchos, grilando e tomando terra, avançando com silvicultura e a soja na região? Problemas fundiários vem se arrastando desde muitas décadas, quando nosso território foi negociado e vendido por políticos sem escrúpulos. Alegavam que as chapadas do Baixo Parnaíba não serviam para nada, que essas terras eram improdutivas, por isso alguém vendeu e ganhou muito dinheiro com a                quilo que é de fato das comunidades rurais. As comunidades rurais vivem em comunhão com a natureza, o que elas precisam o meio ambiente tem, seja água, terra e um ar natural, sem poluentes. Um outro gigante se aproxima do Baixo Parnaíba agora, o MATOPIBA - com sua política agroindustrial com tecnologias de ponta. Desenvolvimento para as comunidades ou para os grande latifúndio e empresas? As comunidades nem se quer sabem ou foram informadas desse processo devastador e violento, que nada mais é que a volta da grilagem e o atraso da Reforma Agrária. As comunidades do Baixo Parnaíba já tem problemas de mais para resolver. Nossas chapadas e brejos é o pouco da vida que os camponeses tem e que se expira -, no momento tudo estar ficando escasso: caça, peixe e frutos. O município de Urbano Santos estar na ponta de cima nos índices dos municípios desmatados para o agronegócio, fontes essas encontradas no “Portal Oficial do Ministério do Meio Ambiente”. A situação fica mais feia, os entraves são constantes de acesso a terra, créditos e assistência técnica”. Os trabalhadores rurais sofrem para adquirir migalhas dos bancos para desenvolver sua economia, através de empreendimentos familiares como criações de animas e roças. Muito pouco vem para a agricultura familiar, enquanto a gauchada acessam créditos milionários para o plantio de monocultivos. Profetizamos e estaremos preparados para tudo isso, porque é do saber de muitos que o eucalipto transgênico vem aí com uma porrada de agrotóxicos para nossa região que ao meu ver estar afundando em venenos. Mas ainda é tempo de renovação, o espírito para a alegria de novos tempos está cheio de otimismo rumo a um mundo melhor para os oprimidos e explorados. 

Jose Antonio Bstos

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