quinta-feira, 12 de novembro de 2015

São Raimundo: um pedaço verde do mundo



A reunião da SMDH – Sociedade Maranhense de Direitos Humanos com a Associação Comunitária da Comunidade no dia 09/11/2015, que tinha o objetivo de falar sobre o Projeto de Rebrotamento de bacurizeiros nativos, estava preste acontecer.  Como não bastasse o deslocamento sempre complicado, pois a Roseane e a Drª Dayana já adivinhara as avalanches que aquelas estradas traziam para quem não sabe destrinchá-las, hoje em dia essas estradas foram modificadas pelos eucaliptos da Suzano, os velhos caminhos não são mais os mesmos. O projeto que está dando certo no Pará com as orientações dos técnicos da EMBRAPA-PA, pertente aplicar essas experiências no Baixo Parnaíba Maranhense. Uma das ideias é desenvolver esse trabalho em uma comunidade da região de chapadas bonitas de se ver, que cobre as comunidades vizinhas: Boa união, Santa Felomena, Bom Princípio e Bracinho. O São Raimundo deve puxar essa carruagem pelo espirito de lutas e conquistas que tem, a exemplo do documento que a associação elaborou há algum tempo atrás de proibição da derrubada do bacuri verde; além dos capítulos de resistência pela posse da terra e proteção das chapadas, entraves que até hoje vem sendo superados pelo desejo da Reforma Agrária. Partindo da consciência ecológica dos trabalhadores rurais do povoado que sustentam suas famílias com suas roças e coletas de frutos -, este fruto precioso e sagrado das comunidades chapadeiras, fonte de renda e de vitaminas. A SMDH pensava logo de primeira nessa possibilidade de implantação do projeto naquele “pedaço verde do mundo”. Pois alguns membros da comunidade já participaram de um projeto parecido “Manejos dos bacuris e reflorestamentos das chapadas com valorização dos frutos do cerrado”- orientado pelo saudoso Fórum Carajás, na pessoa do Mayron Regis, um jornalista que entende de criação de galinhas, segundo Rosy! O projeto da SMDH tende complementar os frutos colhidos dos já iniciados por esses órgãos-, tomando como orientação um artigo que o grande Professor e pesquisador Marcelo Carneiro da UFMA mandara para o e-mail da Roseane. O artigo mostra com clareza que na Região Amazônica do Pará deu certo esse trabalho, uma vez que é raro bacurizeiros... e aqui no Baixo Parnaíba que esses frutos nascem e brotam naturalmente em nossas chapadas? Acha-se que o projeto vai dá certo e vai mesmo. Temos muitas chapadas que precisam serem protegidas por lei, os problemas ambientais avançam a cada dia e o que temos de garantia para barrar tamanho empreendimento capitalista? Surge nesse cenário com os levantamentos dos problemas frisados pela Francisca do São Raimundo, a ideia de um “Encontro sobre o manejo sustentável dos bacuris e alimentação de propostas para uma lei municipal de proibição da derrubada dos bacuris verde” – alargando para outras fronteiras no território municipal e não apenas no São Raimundo, pois eles não precisam da lei, lá existe lei. Ficou marcado este encontro para o dia 02 de dezembro de 2015, com participação de autoridades do poder público municipal, poder legislativo, INCRA, SEMA, SMDH, STTR, associações rurais do município e militantes ativistas pelos direitos humanos. A associação juntamente com os alunos da escola local apresentarão trabalhos voltados para a biodiversidade do cerrado, escassez da água, preservação dos recursos e tratarão também sobre a terra e desmatamento. Voltando ainda a falar do projeto, a SMDH tem como proposta o manejo das técnicas desenvolvidas para o rebrotamento do bacuri e suas caracteristicas ímpares a partir de suas raízes; produção em curto prazo para aumento da renda familiar, além do reflorestamento de áreas desmatadas e aquelas não deveriam ser desmatadas.
Finalizando a reunião a Dª Dayana falou da questão da terra, sobre o demoroso processo de desapropriação do São Raimundo para fins de Reforma Agrária que não se entende entre o INCRA e o Loeff, o INCRA lerdo como é e o Loeff querendo vender a terra para o governo a preço de mercado – sendo que nem lá ele mora, não tem casa, nem sítio... quer pegar quase um milhão na terra! É o besta! Pois bem a reunião terminava com um suco de bacuri ou refrigerante? Preferi suco, antes do almoço de galinha caipira. São Raimundo: um pedaço verde do mundo é a historia viva das lutas fundiárias dos nossos tempos no leste maranhense; terra de gente humilde, hospitaleira... trabalhadores... pedaço do mundo que liga a chapada ao Rio Preguiças.
 José Antonio Basto
Novembro de 2015
Urbano Santos-MA

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