quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Os sabiás não cantam em palmeiras artificiais

O povo de São Luis ( esse ser abstrato que pode ser tanto uma referência a massa como ao grupo familiar no qual a pessoa se integra) mantem um habito de batizar as suas ruas com mais de um nome. A rua Couto Magalhães, bairro Monte Castelo, não mudou nada em sua fisionomia em mais de três décadas e nem as pessoas esqueceram os outros dois nomes pelos quais ela é conhecida e chamada: rua Ramon Afonso e Rua Mariana. A pessoa se for pedir um uber escrevendo o nome Couto Magalhães, pode esquecer. Agora se escrever rua Ramon Afonso, o Uber chega fácil. O nome rua Mariana se deve a existencia de um conjunto de casas pra alugar cujo nome é Vila Mariana. Contradizendo o que foi escrito anteriormente, a rua Couto Magalhães nos últimos anos mudou sua fisionomia pelo menos num aspecto. Construiu-se ou se reformou casas que assumiram caráter de casa que aluga quartos para pessoas de cidades do interior do Maranhão que vem a São Luis estudar ou se tratar nos hospitais Sarah Kubitschek e Aldenora Bello. Outras ruas do Monte Castelo também experimentaram essa inflexão. Casas, antes abandonadas ou parcialmente ocupadas, viraram pousadas. A demanda crescente incentivou as pessoas a se especializarem na prestação desse tipo de serviço de hospedagem e a investirem um montante de dinheiro na reforma das suas casas com essa finalidade. A economia de São Luis, como as ruas, mantem sua fisionomia tradicional de muito dependente dos investimentos praticados pelo Estado há mais de um século. Os investimentos feitos pelo poder público na reforma da praça João Lisboa implicam uma serie de dúvidas ao fim de sua execução. Por mais criticas que tenham sido feitas às reformas da praça Deodoro, não se pode negar que essas reformas resultaram em maior mobilidade para as pessoas que rumam para as ruas Passeio, Grande, da Paz, do Sol e Rio Branco. Não há motivos para que as pessoas permaneçam por mais tempo que o normal à praça Deodoro. A biblioteca Benedito Leite, construção neoclássica inaugurada nos anos 50 que a reforma valorizou, é uma estrutura física que afasta as pessoas. O neoclassicismo como gênero artístico abraça a ordem. A praça João Lisboa se diferencia da Deodoro. Ela não é um ponto de partida (caso da Deodoro) e sim um ponto de chegada (acolhimento). Por que privilegiar obras de recuperação de piso (igual a Deodoro) e não obras de recuperação ou melhoramento do paisagismo para acolher as pessoas (diferente da Deodoro)? A reforma da rua Nazaré que seria um ótimo exemplo de um paisagismo refrescante, exemplifica a pobreza do paisagismo executado pelo poder pulico ao plantar palmeiras. Nessas palmeiras artificiais, os sabiás não cantam. Comentários

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