sábado, 7 de novembro de 2020

O senhor Mandioca

Nina Rodrigues é um intelectual pouco lido e pouco comentado na atualidade. Ele nasceu em Vargem Grande, município maranhense, em 1862 e faleceu em Paris em 1902. Os maranhenses devem reconhecer seu nome ao passarem pelo hospital psiquiátrico Nina Rodrigues, situado à avenida Getulio Vargas, em São Luis, e pelo município de Vargem Grande porque deram seu nome a um município vizinho. O jornalista Jose Reinaldo Martins, numa conversa rápida na parte interna do Mercado das Tulhas, definiu-o como “eugenista” e “racista”. Ele era o típico intelectual do final do século XIX pois enveredava suas pesquisas e seus escritos por vários campos de conhecimento. Nascido em Vargem Grande, Nina Rodrigues morou a maior parte de sua vida fora do Maranhão, entre os estados do Rio de Janeiro e na Bahia, onde se formou pela faculdade de medicina. Em sua análise das relações antropológicas e sociais exercidas pelo Estado, por intelectuais e por negros (escravos ou não) no contexto do final da escravidão, a historiadora baiana Wlamyra de Albuquerque se vale de escritos de Nina Rodrigues. Dentre tantas pesquisas que realizou, uma que não deu certo foi a desenvolvida em torno do tema mandioca no Maranhão. A elite maranhense rechaçou completamente a pesquisa porque os seus propósitos (pesquisar uma cultura alimentar de indígenas, negros e brancos pobres) afrontava seus ideais de sociedade europeizada. Por conta da reação adversa, Nina Rodrigues se mandou do Maranhão para nunca mais voltar assim como fez Aluisio Asevedo que fugiu em decorrência da reação no seio da eleite ocasionada pela publicação de “O Mulato”.

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