quarta-feira, 24 de junho de 2020

A biblioteca do bairro de fátima

O Bairro de Fátima fazia parte da sua historia. Sua mãe virara farmacêutica e dava plantão numa farmácia pequena que abrira no bairro. Uma observação rápida e arguta dava conta que parte do Bairro de Fátima se erguera em região de influencia de maré e que não havia rede de esgotamento sanitário e nem de drenagem. Esse relato não é incomum em se tratando de São Luis, pois era visível que a cidade apresentava sérios problemas de infra estrutura que os governantes faziam de conta que não existiam. Ele teria consciência anos mais tarde desse quadro de abandono e miséria que predominava nos ambientes internos e externos dos bairros perifericos, mas a sua passagem pelo Bairro de Fátima ou Cavaco, o nome antigo, fechava-se na farmácia que sua mãe trabalhava. Por algumas horas, a sua vida resumia as prateleiras de remédios, os atendentes e o dono da farmácia. O que dizer? Puro tédio, se bem que não ter o que fazer num lugar como esse lhe obrigava a encontrar saídas. A única saída num raio de metros para uma criança de dez anos se visualizava em uma biblioteca publica municipal encravada na praça central do bairro. Ele não podia saber, só saberia muito tempo depois, que a biblioteca é um lugar de respeito pelo silencio exigido mas também um local de descobertas pela quantidade de livros que lá se encontra. 

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