Os bacurizeiros na propriedade do Ataliba, povoado das Areias, municipio de Buriti, chamaram atenção no exato instante em que eles sairam do carro. Um colchete, de certa forma, "barrava" o carro a poucos metros da casa. Não havia nada demais em estacionar o carro naquele ponto. Pouco provável ele empatar a passagem de algum veiculo. O Vicente de Paula conhecera o Ataliba em uma reunião com o Iterma (Instituto de Terras do Maranhão). O André Introvini, plantador de soja, desmatara de forma ilegal 50 hectares da posse tradicional do Ataliba. Este vivia sozinho sobre a Chapada e não quis confrontar com os funcionários do André. Durante a reunião com o Iterma, o Ataliba explicou seu problema ao Vicente e falou do mel produzido pelas abelhas tiubas em sua propriedade, um mel com gosto de bacuri. Não é qualquer um que se deleita com um mel desses.
Seis meses se passaram. O céu de agosto se encheu de nuvens e um vento agradou a todos com um friozinho. A receita certa era dormir embrulhado na rede. Quem quer acordar cedo depois de uma noite como essa? Os netos do Vicente que iriam à escola, com certeza, não. O Vicente e dona Rita sua esposa, como sempre, acordaram cedo sem se renderem à preguiça matinal. Os outros frequentadores da casa se viram obrigados a levantaram-se para que a preguiça não desse na vista. O senhor Ferreira, morador do Brejão, aguardava-os para uma visita que talvez coincidisse com a visita da vereadora Vanusa Flora, prevista para as dez da manhã.
A comunidade do Brejão sofre ameaças direto de remanejamento por parte do grupo João Santos que pretende vender a área para o André Introvini. A conversa no Brejão foi rápida, porém produtiva. O grupo João Santos vendeu a área do povoado João Dias, municipio de Duque Bacelar, para o André que a registrará como reserva legal.
Por volta das oito e meia, eles se despediram do senhor Ferreira e de sua esposa, dona Maria José. Chegou a hora de descobrirem a rota que levava ao Ataliba. O Vicente tinha severas incertezas quanto ao caminho certo. Ele perguntou a dona Maria na Matinha que não respondeu a contento. O Filho, morador do Cajueiro, demonstrou mais propriedade nas respostas. Eles veriam a sede da fazenda do André. Em seguida, um cemitério a esquerda os faria duvidar de suas vistas. Numa bifurcação, o carro partiria para a a direita. Por fim, caberia ao senhor Santinho, no Engenho Velho, confirmar que a casa do Ataliba ficava mais a diante. Os cachorros ladraram. A porta e as janelas da frente fechadas indicavam que a casa se encontrava sozinha. Caminhou-se um pouco, avistando os bacurizeiros. Numa fração de segundos, o enteado do Ataliba surgiu não se sabe de onde. Transportava a sobrinha em uma bicicleta. Deixou as visitas a vontade para apreciarem os bacurizeiros. Algo nos bacurizeiros intrigou o Vicente. Eles se ajustaram muito bem em um ambiente pouco propenso a sua especie. Isso dava um charme àquele pequeno cercado. "UM bacurizal arrumado", assim o Vicente os designou.
Mayron Régis
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