sexta-feira, 12 de agosto de 2016

A TERRA, O CERRADO E A REFORMA AGRÁRIA EM OUTRAS PALAVRAS





Cantava as águas, cantavam os pássaros, cantava a terra... cantavam–se os cantos nas chapadas, um cerrado que chorava seus dias passados. Cantos que cantavam-se tristezas, saudades e agruras... sonhos de outrora. As manhãs pairavam-se sobre o sol, sob a neblina modular da noite, ruídos e tiros ao longe compunha os versos da historia de um povo tradicional que foi puxado pelo pescoço, mas que nunca se rendeu, tombaram... mas não sucumbiram; “que não precisam ganhar... querem só lutar!” Os capões de mato voltam-se no tempo de guerrilhas e o alimento que surgia do chão estava pouco. As águas desapareceram, tudo estava deserto, a seca roía e a fome também, não se encontrava nada para comer, nem para beber! As frases da vida refugavam os papeis que dantes nunca houvera rastreado. O inconformismo, as desavenças, a areia do tempo na ampulheta do capital selvagem; a farinha da pobreza estar escassa! As matas para a roça, o peixe do rio e os quebras nos carrascos! Vida do interior, sem preocupação, para que acumulo de riquezas, precisa-se apenas viver bem, em harmonia com o meio ambiente! Pra que preocupação? Tudo estar mudado, tudo estar mudando, o consumismo, a ganancia... a arrogância, desrespeito e desacatos... são esses os muitos problemas que com a verdade haverá de ser combatido. Haverá um dia para a vingança, por enquanto defenda a causa! O canto ecoava para os ares no recanto daquela chapada de bacuris. Tambores ziniam com vontade de falar; foram quase quatrocentos anos de cativeiro, de chibata e ameaças, hoje os feitores voltaram e as ameaças continuam em nossas próprias casas, em nosso próprio território! Cativos negros e brancos... cativos pobres, desprezados e esquecidos! Reformas de bases esperamos desde os tempos das “Ligas”, desde os tempos de Zumbi e Negro Cosme, dos tempos de Conselheiro e Lampião! Muitos caíram, muitos venceram, cada um lutando com as armas que tem. Era um período de chumbo e de martírios! Conservadorismo não vale mais, não supre as necessidades básicas do povo. Os cantos foram reunidos em livros: “Cancioneiro da agricultura e do extrativismo” – o conflito fundiário ainda estar por lá, camponeses apregoados em arame farpado. Quanto dias, quantas décadas, quantos séculos! Os direitos dos homens e mulheres do campo precisa voar altos voos como o condor da “liberdade, por que essa é a mais bela das palavras”. Vida longa, esperança e paz. Um mundo a ganhar pela consciência da luta na esperança romântica e nas palavras de novos tempos.

José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com

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