Cantava as águas,
cantavam os pássaros, cantava a terra... cantavam–se os cantos nas chapadas, um
cerrado que chorava seus dias passados. Cantos que cantavam-se tristezas,
saudades e agruras... sonhos de outrora. As manhãs pairavam-se sobre o sol, sob
a neblina modular da noite, ruídos e tiros ao longe compunha os versos da
historia de um povo tradicional que foi puxado pelo pescoço, mas que nunca se
rendeu, tombaram... mas não sucumbiram; “que não precisam ganhar... querem só
lutar!” Os capões de mato voltam-se no tempo de guerrilhas e o alimento que
surgia do chão estava pouco. As águas desapareceram, tudo estava deserto, a
seca roía e a fome também, não se encontrava nada para comer, nem para beber!
As frases da vida refugavam os papeis que dantes nunca houvera rastreado. O
inconformismo, as desavenças, a areia do tempo na ampulheta do capital selvagem;
a farinha da pobreza estar escassa! As matas para a roça, o peixe do rio e os
quebras nos carrascos! Vida do interior, sem preocupação, para que acumulo de
riquezas, precisa-se apenas viver bem, em harmonia com o meio ambiente! Pra que
preocupação? Tudo estar mudado, tudo estar mudando, o consumismo, a ganancia...
a arrogância, desrespeito e desacatos... são esses os muitos problemas que com
a verdade haverá de ser combatido. Haverá um dia para a vingança, por enquanto
defenda a causa! O canto ecoava para os ares no recanto daquela chapada de
bacuris. Tambores ziniam com vontade de falar; foram quase quatrocentos anos de
cativeiro, de chibata e ameaças, hoje os feitores voltaram e as ameaças
continuam em nossas próprias casas, em nosso próprio território! Cativos negros
e brancos... cativos pobres, desprezados e esquecidos! Reformas de bases
esperamos desde os tempos das “Ligas”, desde os tempos de Zumbi e Negro Cosme,
dos tempos de Conselheiro e Lampião! Muitos caíram, muitos venceram, cada um
lutando com as armas que tem. Era um período de chumbo e de martírios!
Conservadorismo não vale mais, não supre as necessidades básicas do povo. Os
cantos foram reunidos em livros: “Cancioneiro da agricultura e do extrativismo”
– o conflito fundiário ainda estar por lá, camponeses apregoados em arame
farpado. Quanto dias, quantas décadas, quantos séculos! Os direitos dos homens
e mulheres do campo precisa voar altos voos como o condor da “liberdade, por
que essa é a mais bela das palavras”. Vida longa, esperança e paz. Um mundo a
ganhar pela consciência da luta na esperança romântica e nas palavras de novos
tempos.
José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com
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