quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O EXEMPLO DA COMUNIDADE SÃO RAIMUNDO EM DEFESA DA TERRA E DO MEIO AMBIENTE.





Coletávamos as assinaturas para o Projeto de Lei de iniciativa Popular que proíbe a plantação de monoculturas agressivas ao meio ambiente e o uso de transgenia nas práticas agrícolas no município de Urbano Santos-MA. O distante São Raimundo, no meio do Baixo Parnaíba, abraçou esta justa causa; como não abraçaria? São Raimundo é uma grande referencia na defesa da terra e do meio ambiente. Suas casas ficam localizadas entre a chapada e o Rio Preguiças, sua economia é baseada no extrativismo da polpa do bacuri e buriti, criação de animais e projetos sustentáveis apoiados por instituições como o Fórum Carajás. Luta há muitos anos pela posse da terra – um projeto que tramita no INCRA esperando respostas. Seu povo humilde e hospitaleiro tem o senso de liberdade e perseverança, trabalham na coletividade para o bem comum, pescam caçam, colhem seus frutos que a chapada oferece. Os entraves enfrentados pela comunidade São Raimundo são os mesmos problemas fundiários e socioambientais de muitas outras comunidades espalhadas pela região, vítimas do impacto ambiental e ameaçadas pelo programa capitalista do agronegócio. Comunidades essas esquecidas, isoladas, mas livres! Elas se desenvolveram através da formação social de indivíduos de lugares diferenciados, primeiro os índios Tremembés, depois os quilombolas e caboclos e mais tarde já no início do século XX os retirantes do Piauí e Ceará. As pessoas procuram lugares nas margens dos rios, como as populações ribeirinhas do Rio Preguiças. Comunidades acostumadas com a fartura de água e outros recursos naturais, os povos dos brejos e chapadas criaram um vínculo com a natureza, passaram a lhe proteger e tirar da terra o sustento necessário. Seus habitantes já sentem na pele as dificuldades de se adquirir terras, água para beber, caça para o alimento e frutos dos brejais e chapadas. São vários desacatos aos direitos humanos e à vida. As comunidades tradicionais são protegidas por lei e merecem respeito. Elas não precisam da ganancia que o agronegócio tem, precisam apenas viver bem, comer bem, respirar bem. É daí que parte o orgulho de escrever essas simples palavras dedicadas à comunidade São Raimundo como exemplo; muitos já foram os artigos publicados. Conscientes de um mundo melhor para todos e todas, a coletividade da Associação Comunitária de São Raimundo tem alcançado êxito com a luta do povo.  Gente honesta que vem superando desafios internos e contra latifundiários, contra a pobreza que lhes assolam. São Raimundo sempre batalhou e através de formações e encontros descobriram que são importantes numa região de conflitos agrários, arena de batalhas e palco de lutas desde tempos remotos. Um pedaço de chão regado com suor de companheiros e companheiras de combate, uma terra que quem a conhece não esquece jamais.

José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com

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