sexta-feira, 22 de julho de 2011

Semi-árido maranhense


A região do baixo Parnaiba maranhense compreende dezesseis municípios os quais se localizam em uma zona de transição entre Amazonia, Cerrado, Semi-árido, babaçual e litoral. Como tantas outras regiões do Maranhao, o leste maranhense aposenta quaisquer pretensões de uma definição pronta e acabada sobre as suas características ambientais, econômicas e sociais por parte dos setores sociais que disciplinam o conhecimento nesse estado e no país.
Diferente das placas que explicitam a área territorial de um município como Chapadinha, Baixo Parnaiba maranhense, a área de abrangência do semi-árido no leste maranhense, por exemplo, abarca mais do que um município e sem que uma placa determine que aquele território pertença ou não ao semi-árido.
Caso houvesse uma obrigatoriedade de posicionar placas em torno do semi-árido, que municípios do leste maranhense seriam “agraciados” com tal presente? As placas de identificação arbitram um espaço subjetivo que muitas das vezes deriva de objetivos eivados de interesses econômicos, os quais, raramente, declaram-se como tais e como os reais interesses que alavancam a visualização de um padrão de comercialização daquele espaço sócio-ambiental. A junção de interesses econômicos e a recaracterização de uma área podem ser encontradas no caminho rumo ao município de barreirinhas, em que se le numa placa “Portal dos Lençois”.
A discussão sobre o Semi-árido maranhense talvez comece seriamente em algum momento quando a sociedade deixar de vê-lo, assim como vê os outros biomas, como um espaço destinado a alguma função econômica. A partir desse pressuposto, qualquer projeto que derrame milhões de reais na região prontamente é aceito e a realidade se adapta a ele. Com isso, afirma-se que a lagoa de Santo Agostinho é perfeita para o turismo, sem explicitar que tipo de turismo praticar-se-á no entorno da lagoa.
O projeto que procura desenvolver o turismo no leste maranhense, que se diga e que se siga é um projeto que vem de dentro para fora, pouco ou nada interage com as características socioeconômicas das comunidades rurais. Pode ser em barreirinhas, pode ser em Paulino neves, pode ser em São Bernardo, o que importa é que antes de ventilarem a “rota das emoções” já moravam por esses e outros municípios centenas de comunidades que de alguma forma ou de outra manejam os recursos naturais. Algumas dessas comunidades se tornaram assentamentos da reforma agrária, contudo o Estado continua a sua prática de relega-las ao esquecimento social.
O turismo também é um projeto que tampouco causa algum embate interno ao processo avassalador que degrada os recursos naturais  como é o caso das monoculturas da soja, do eucalipto e da cana no leste maranhense. Quem se dignaria a visitar uma área onde só encontraria grandes extensões de monoculturas ou uma área recentemente desmatada com centenas de fornos de carvoaria?
Mayron Régis

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