Madeira, Expedito Barroso e Lázaro Alves comentam impactos ambientais da Suzano
Contradições: Poder público, universidade e movimento social opinam sobre o empreendimento da Suzano Papel e Celulose em Imperatriz
Na recente audiência pública realizada para debater os impactos sociais e ambientais da unidade fabril de responsabilidade da Suzano Papel e Celulose, uma das maiores do Brasil, foi anunciada que a mesma será instalada na Estrada do Arroz, próximo ao povoado Bacaba e que deverá produzir 1 milhão e meio de toneladas de celulose branqueada de eucalipto e 500 toneladas de papel por ano.
Sem dúvida um empreendimento que mudará substancialmente as dinâmicas econômicas e socioambientais dos (as) imperatrizenses. Na ocasião pudemos perceber a manifestação dos diversos atores sociais que buscaram expor suas preocupações e duvidas acerca do projetos. Consegui "pegar" a fala de três importantes opiniões que demonstram claramente o conflito e a divergência de idéias que ainda pairam no ar, provocando talvez a necessidade de uma nova audiência.
Representando o poder público ninguém melhor do que o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, para falar sobre o projeto, este nos afirmou que se bem implantado e com os cuidados ambientais e o respeito às questões sociais: “será um projeto que vem a acrescentar economicamente, que fará com que a cidade mude de patamar econômico e que terá uma dimensão significativa para milhares de pessoas que terão uma massa de recursos para investir em moradia, lazer e transporte”. Afirmou.
Como exemplo de uma das questões ambientais levantadas e que para a maioria não ficou bem claro, temos o consumo de água que a empresa deverá ter. Segundo Madeira foi demonstrado que a vazão mínima (verão) do Rio Tocantins é de 5.000 metros cúbicos por segundo, “a fabrica irá retirar do rio 2.200 litros por segundo sendo que desde total, somente 200 litros serão consumidos efetivamente, o restante será devolvido de forma tratada para rio, portanto teremos um consumo ínfimo”. Concluiu o Prefeito de Imperatriz.
Já o atual gestor da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e Mestre em Biologia, Expedito Barroso nos afirmou que falta transparência na disponibilidade de informações sobre os impactos que serão causados durante a operação da fabrica: “esta audiência pública me parece apenas uma peça jurídica “perfeita”, uma mera formalidade”, afirma. “Falta o plano de contingência, não temos um EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) para a estrada, também não tem um EIA-RIMA para a unidade elétrica.” Pondera Expedito.
Sobre as águas do Rio Tocantins que serão utilizados, Expedito Barroso nos afirmou que o gasto será enorme, contradizendo o prefeito, e que “não ficou claro a ninguém se a Suzano irá pagar o consumo deste importante bem público que é água”. Concluiu o Diretor da UEMA.
Já Lázaro Alves, Coordenador do MST, nos afirmou que sua visão acerca do empreendimento é “perturbadora”, visto que os impactos serão enormes e que várias famílias sofrerão com a migração forçada, inchando assim as periférias da cidade, que perderá a pouca qualidade de vida, segundo Lazaro se não houver “todo cuidado com a relação a essas famílias, haverá um aumento da criminalidade e prostituição”. Conclui Lazaro que é morador da Boca da Mata e importante liderança social na região.
Temos, portanto visões de mundo antagônicas, que determinam um debate dicotômico entre desenvolvimento econômico versus ambiente natural. Tidos como separados pelo menos nesse plano jurídico da sociedade urbano industrial.
A experiência nos ensina que todos esses grandes projetos econômicos industriais só poderão ser de fato importantes para o mundo se olhados pela ótica da sustentabilidade. O ser humano também é um ser natural, e depende dos recursos naturais para viver. Se possível deveríamos até mesmo inverter essa ótica. Vamos ao debate!
Por: Carlos Leen Santiago é historiador
http://carlosleen.blogspot.com
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