A expressão “invasores de terras” cai facilmente no gosto de quem quer criminalizar segmentos sociais. Ora, uma empresa como a Suzano que quer desmatar seis mil hectares de terras em Santa Quitéria com licenças irregulares da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Maranhão, cuja celeridade em licenciar desmatamentos em propriedades de quase dez mil hectares em todo o Baixo Parnaiba é objeto de ação civil pública protocolada pelo Ministério Público Federal, moveu ação de reintegração de posse contra as comunidades do Pólo Coceira no primeiro semestre de 2009. Uma ação de reintegração de posse se baseia na tentativa de alguém tentar retomar algo que foi lhe tirado indevidamente e com base na força. As comunidades apenas impediram que os tratores da empresa entrassem em suas áreas de extrativismo e em suas roças a menos de dez metros de suas casas. Elas não invadiram nada, mas a Suzano Papel e Celulose, à custa de seus advogados, acusa as comunidades de terem invadido suas áreas. Qual é a dificuldade da expressão “invasores de terras” escapulir da boca de um funcionário da área de “responsabilidade sócio-ambiental” , afinal essa é uma expressão que a direita detém sua primazia? Quem invadiu o quê e quem invade o quê nesse mais de vinte anos de Baixo Parnaiba? A Suzano se arrogava, no começo dos anos 80, a responsabilidade empresarial de geração de empregos e de geração de renda para as comunidades. Entre a metade dos anos 80 até o ano de 2010, a Suzano se especializou em concentração e grilagem de terras, desmatamento de espécies como o bacurizeiro, discursos falaciosos e contaminação por agrotóxicos. Agora ela se arroga a responsabilidade sócio-ambiental em Urbano Santos. Qual é o projeto que a Suzano desenvolve para as comunidades tradicionais desse município? O que se sabe é que as roças da comunidade Santana sucumbiriam sob os tratores da Suzano. Os moradores aventaram que a empresa diminuísse a sua área de plantio de eucalipto. O responsável da empresa simplesmente refutou tal hipótese.
Mayron Régis
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