quarta-feira, 16 de outubro de 2024

A distopia da reforma agrária

A existência humana imprescinde de determinadas construções sejam elas físicas filosóficas históricas políticas utópicas. A utopia é uma construção humana pois a realidade que se apresenta quase sempre destrói os anseios individuais e coletivos. A utopia é o ideal onde se quer chegar. A utopia socialista, a utopia comunista. O próprio capitalismo produz suas utópias. Por muito tempo escutou se que fazer a reforma agrária era essencial para o Brasil se tornar um país capitalista desenvolvido. Aula básica de história de economia e política. Fortalece o mercado interno distribui renda. O Brasil não fez a reforma agrária e nem vai fazer a reforma agrária que se espera. A sociedade paga um preço alto por essa desfeita da parte da classe política e de suas elites. A comunidade do Araçá, município de Buriti, e uma comunidade tradicional extrativistas do bacuri indígena e negra que sobrevive em quase duzentos hectares cercada por soja. Ela experiencia o pesadelo que virou a utopia da reforma agrária no Maranhão nos últimos anos em que o cerrado maranhense vem sendo devastado pelo agronegócio. Faz quase dez anos que a comunidade enfrenta a família introvini pela posse da chapada do Brejão que abrange dois mil hectares. Chapada que os introvini compraram de maneira irregular do grupo João Santos. Tendo em vista ser a última grande área de Chapada em Buriti, a comunidade do Araçá pretendia reverter a compra da terra e regulariza em seu nome. Ela tentou todos os meios possíveis. A vara agrária entrou em cena e promoveu um acordo entre a comunidade e os introvini em que estes abriam mão de uma outra área em proveito da comunidade. Parece que o acordo finalmente vai ser cumprido. Uma área de 400 hectares na região da Cacimba será georreferenciada pela comunidade. Uma área rica em bacuri e água. Falando assim pensa se que tudo correu as mil maravilhas. Que nada. Do começo da luta da comunidade até os dias atuais, os moradores do Araçá foram bombardeados por agrotóxicos, receberam ameaças dos plantadores de soja e de seus seguranças e viram seus animais serem assassinados a bala. O assassinato de animais criados pelos agricultores familiares e uma prática recorrente dos plantadores de soja visando a intimidação e a vingança.

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